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Imagine um local de trabalho em que todas as pessoas podem subir cada degrau da escada corporativa sem nenhum empecilho relacionado às suas características. Este lugar também cria espaços de desenvolvimento com base na confiança e na busca por oportunidades para todos e todas. Assim, a única preocupação é de aproveitar da melhor maneira todas as trajetórias e conhecimentos disponíveis para pensar, compartilhar e produzir os melhores resultados. Isso aconteceria se existisse igualdade racial no mercado de trabalho!


Como chegamos lá?

Janet Stovall compartilha neste TED que, para criar locais de trabalho nos quais as pessoas sintam-se seguras para expressar o seu “eu” autêntico é necessário ter a coragem de lidar e tratar com problemas reais, números reais e consequências reais.

Falando em problemas reais, as diferenças raciais no mercado de trabalho mudaram pouco nos últimos anos, segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2018, a população preta ou parda representou, combinada, pouco mais da metade do total dos brasileiros (55,8%). Já a população branca respondeu por mais de dois quintos do total, ou 43,1%. Juntos, esses dois grupos dão conta de quase 99% da população brasileira. O restante é composto por pessoas que se identificam como amarelas (0,7%) e indígenas (0,4%).

Essas proporções não se refletem, entretanto, no mercado de trabalho brasileiro. Por exemplo, apesar de serem 55,8% da população brasileira, os negros, que combinam pretos e pardos, representavam uma parcela maior (64,2%) dos desempregados em 2018.

A pesquisa “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, feita pelo IBGE e divulgada no final de 2019, mostra como evoluíram indicadores como trabalho, renda, moradia, escolaridade, violência e representação política entre 2012 e 2018, destacando as disparidades por cor ou raça. Na média, a população branca sofreu menos com o desemprego e manteve a renda significativamente maior do que a população negra no período.

O que podemos aprender sobre igualdade racial com quem entende do assunto?

Um dos líderes mais importantes do movimento negro, o frei franciscano David Raimundo dos Santos, foi mentor e fundador da Rede de Cursinhos Populares EducAfro, entidade que preside em São Paulo. Em entrevista, quando questionado sobre o que pode ser feito para diminuir a desigualdade entre negros e brancos, Frei David aponta que:

É preciso respeitar a diversidade e aumentar os debates informativos. Não se pode esquecer os séculos de humilhação do povo negro nas mãos dos brancos, e muito menos taxar esta situação como uma guerra de raças a dominar o cenário político. Pelo contrário, reconhecer as ações afirmativas como meios de inclusão fará com que grande parte deste misticismo de dominação e superioridade seja colocado em cheque”.

Conversamos com duas pessoas do Grupo Anga, que compartilharam um pouco da sua visão também:

Qual a importância da representatividade para uma atração e seleção focada na promoção da diversidade étnico-racial?

“É transformador poder trazer representatividade num processo que pode ser emancipatório, de liberdade financeira e reconhecimento profissional, como é um processo seletivo, principalmente quando falamos de grupos minorizados.

A inclusão não deve ser pensada só na atração, um post aqui, um artigo ali. A atração e seleção deve trazer a tona todas as ações e intenções reais da empresa. Não só as peças de divulgação do processo, mas também a linguagem inclusiva, os desafios da trilha, acessibilidade de plataformas, cronogramas, transparência das ações após contratação, mas principalmente – especialmente – as ações de inclusão já realizadas internamente, quais as empresas parceiras, equipe atual, metas e objetivos relacionados ao tema.

Quando uma jovem preta se enxerga em uma empresa, ela se empodera, se enche de coragem e de auto-estima, ela começa a enxergar possibilidades… “

Ela começa a entender que aquele espaço é dela também.  

“Todo o processo de recrutamento, seleção e pós contratação deve ser pensado na ótica da pessoa diversa, para que ela possa realmente se sentir representada, possa enxergar similares, assumir espaços e sentir segurança suficiente para fluir seus conhecimentos, verdades e experiências, sem medo de ser apenas mais uma campanha que vende algo que não pode cumprir, que não pode incluir. 

Representatividade em campanhas de atração e seleção é a forma de manifestar a coerência entre o interno e externo, trazer segurança e inclusão do candidato dentro de todo o processo.”

Quais oportunidades temos hoje na luta pela igualdade racial no mercado de trabalho?

“Nos últimos anos temos percebido uma sensibilização maior por parte das pessoas não negras pras causas de igualdade racial, tanto dentro do mercado quanto na sociedade como um todo. A partir disso, é possível gerar um questionamento sobre qual o papel delas nessa transformação. E essa é a oportunidade que enxergo, de engajar essas pessoas numa visão de futuro em que elas percebam a sua contribuição com relação a essa busca por igualdade racial. 

Para mim, esse papel envolve reconhecer que, por exemplo, ela pode precisar abrir mão do seu desempenho individual em determinado momento para mentorar uma pessoa negra que está ao seu lado, ou até mesmo que a empresa pode abrir mão de um pouco de desempenho no curto prazo para focar em processos seletivos que trazem mais diversidade e que vão aumentar a eficiência no longo prazo.  

Então, nesse processo de descoberta e entendimento coletivo, há a oportunidade também das pessoas negras de descrever e compartilhar como entendem qual o papel de cada uma. Se conseguirmos fazer isso bem, o progresso relacionado à inclusão será mais acelerado.”

Você conhece a Iniciativa Empresarial pela Igualdade?

A Iniciativa Empresarial pela Igualdade representa uma plataforma de articulação entre empresas e instituições comprometidas em buscar um desempenho ainda mais significativo na abordagem do tema diversidade, bem como assegurar vantagem competitiva, constituindo-se em um espaço de diálogo do empresariado brasileiro em torno dos seus compromissos com a inclusão, promoção e valorização da diversidade étnico-racial.

A Eureca é a mais recente empresa signatária da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial. Um grupo liderado pela Faculdade Zumbi dos Palmares que conta com mais de 40 empresas (dentre elas Coca-Cola, Bradesco, PwC, GPA, Unilever, Vivo, Google, Microsoft, Dow, Votorantim, Magalu, Novartis, Itaú, GE – somos a única consultoria de RH) que tem como principal objetivo a inclusão de jovens negras e negros no mercado de trabalho.

“Fazer parte da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial é algo que vai totalmente de encontro com o propósito da Eureca, uma consultoria feita por jovens e para os jovens. Trabalhamos para conectar as empresas com as novas gerações e não tenho dúvidas de que podemos contribuir do ponto de vista de capacitação e de inclusão dos jovens negros e negras no mercado de trabalho.”, comenta o CEO da Eureca, Douglas Souza.

Nossos 10 compromissos com a promoção da igualdade

  1. Comprometer-se – presidência e executivos – com o respeito à promoção da igualdade racial.
  2. Promover igualdade de oportunidades e tratamento justo a todas as pessoas.
  3. Promover ambiente respeitoso, seguro e saudável para todas as pessoas.
  4. Promover ambiente respeitoso, seguro e saudável para todas as pessoas.
  5. Estimular e apoiar a criação de grupos de afinidade sobre diversidade racial.
  6. Promover o respeito à diversidade racial na comunicação e marketing.
  7. Promover o respeito a todas as pessoas no planejamento de produtos, serviços e atendimento aos clientes.
  8. Promover ações de desenvolvimento profissional para se alcançar a igualdade racial no acesso a oportunidades de trabalho e renda.
  9. Promover o desenvolvimento econômico e social na cadeia de valor dos segmentos étnico-raciais em situação de vulnerabilidade e exclusão na cadeia de valor.
  10. Promover e apoiar ações em prol da igualdade racial no relacionamento com a comunidade.

Nós, da Eureca, reforçamos o compromisso público frente à busca pela igualdade racial no mercado de trabalho. Entendendo o nosso papel de eternos aprendizes, buscamos sempre evoluir para incentivar e fortalecer cada vez mais o debate e as ações em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Quer bater um papo sobre diversidade e inclusão com nosso time? Fale com um dos nossos especialistas.

Victor Feitosa

Comunicólogo cearense que atua com programas de desenvolvimento pessoal. Um estudioso e apaixonado por educação, liderança e diversidade. Acredita que esses três pilares podem mudar o mundo se tivermos as pessoas certas nos lugares certos. No mais, adora filmes de terror, séries intrigantes e música pop.

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