A pandemia trouxe várias consequências e afetou, significativamente, as empresas, os empregos, as pessoas e as relações entre empresas e pessoas. Acreditamos que já estamos passando por mudanças significativas na forma como as empresas lidam com processos de recrutamento e seleção e ainda mais está por vir no futuro.
Mais de um ano após o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, ainda vemos os efeitos nos negócios, na economia e na forma como as empresas lidam com as mudanças ocorridas em razão da pandemia.
Tivemos a migração dos locais de trabalho e, com isso, mudanças nas relações de trabalho e adaptações com relação aos processos de recrutamento e seleção. Lentamente alguns setores começam a se recuperar, retomam suas contratações, mas poucos retornam ao modelo tradicional de trabalho.
Entenda melhor como a pandemia afetou as empresas, seus atuais colaboradores e seus processos de contratação neste artigo.
Quais são os impactos da pandemia nos negócios?
Diversas mudanças aconteceram em nível global e, quando falamos sobre o impacto nas empresas, algumas foram mais ou menos atingidas, mas todas sofreram em alguma escala. Com a receita prejudicada pela paralisação ou redução de pessoas e capital, muitas organizações precisaram demitir funcionários ou reduzir jornadas e salários.
As consequências foram rápidas e graves, incluindo uma série de recordes de desemprego no país, totalizando no período entre julho e setembro de 2020 14,1 milhões de desempregados.
Sabemos que a pandemia acelerou algumas áreas como foi o caso do e-commerce, contudo, em um contexto geral, o cenário ainda é de incerteza com uma melhora gradual, considerando alguns efeitos de setores específicos, incluindo contratações temporárias e a reabertura do comércio.
Recentemente a McKinsey & Company publicou um relatório sobre “o futuro do trabalho depois da Covid-19” e entre as constatações do estudo temos que “os empregos com níveis mais altos de proximidade física tendem a sofrer uma maior transformação após a pandemia, desencadeando efeitos indiretos em outras áreas de trabalho à medida que os modelos de negócios mudam em resposta”, mostrando mais uma vez que os negócios estão interligados, o que altera significativamente o grau dos impactos.
O estudo ainda revelou três grandes tendências que podem remodelar o trabalho após esse período:
- O trabalho remoto e as reuniões virtuais provavelmente continuarão, embora com menos intensidade do que no pico da pandemia;
- A COVID-19 pode impulsionar a adoção mais rápida de automação e IA, especialmente em locais de trabalho com grande proximidade física;
- Aproximadamente três quartos das pessoas que usaram canais digitais pela primeira vez durante a pandemia dizem que continuarão a usá-los quando as coisas voltarem ao “normal”.
Entre os efeitos da pandemia nas organizações, precisamos ainda considerar como uma importante esfera das organizações foi afetada: o recrutamento e seleção.
E a demanda de empregos?
Para quem está à procura de um emprego sem dúvidas foi um ano desafiador. O Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que em países como os Estados Unidos a proporção de desempregados chegou a 8,9%, sinalizando o fim de uma década de expansão.
Algumas medidas foram adotadas pelos governos justamente para conseguir auxiliar na retenção, como o adiamento do recolhimento de impostos, liberação de orçamento para programas e empréstimos voltados principalmente às micro e pequenas empresas.
Muitas empresas precisaram executar demissões em massa, mas agora algumas dessas já estão abrindo postos de trabalho, ainda que em escala muito inferior.
O mesmo estudo mencionado acima traz duas visões interessantes sobre as demandas de trabalho no futuro:
- Mais da metade dos trabalhadores de baixa renda deslocados podem precisar mudar para ocupações em faixas salariais mais altas e que exigem habilidades diferentes para permanecer empregados;
- Até 25% mais trabalhadores podem precisar mudar de ocupação do que antes da pandemia.
Contudo, antes desse cenário acontecer, ainda teremos uma alta procura por ofertas de trabalho e uma crescente com relação às seletivas nas organizações.
No caso da consultoria ManpowerGroup Brasil, as pesquisas para o primeiro trimestre são otimistas:
- 17% dos empregadores preveem aumento nas contratações;
- 8% preveem diminuição;
- 70% não esperam nenhuma alteração em sua força de trabalho;
Essas análises resultam em uma expectativa de crescimento de 9%. Quando avaliados os empregadores de grandes empresas, a previsão é de um mercado de trabalho mais forte, com a expectativa de crescimento de 21%.
Como as empresas estão lidando com seus colaboradores?
A pandemia fez com que a saúde deixasse de ser vista como um custo e se tornasse um investimento para muitas companhias.
Para além dos efeitos, como a alteração da lei para reconhecer a Covid-19 como doença ocupacional, a forma como as empresas têm lidado com a segurança de seus colaboradores neste momento é algo que irá repercutir por um longo tempo.
Segundo a ERE.net, entre as principais mudanças estão:
- 55% dos entrevistados indicam que suas empresas mudarão a forma como vêem seu papel na sociedade devido à pandemia;
- quase metade dos entrevistados indicam que suas empresas estão oferecendo produtos e serviços gratuitos ao público;
- Quase metade dos empregadores entrevistados têm trabalhadores que não podem trabalhar em casa, mas menos de 10% dizem que os dispensaram.
O foco é a saúde do trabalhador. Em muitas empresas, como a Deloitte, tornou-se público os protocolos para a retomada das atividades presenciais visando a adequação dos ambientes, o respeito à vontade dos profissionais e os cuidados com aqueles que pertencem aos chamados grupos de risco.
Quais são os impactos da pandemia nos candidatos?
Trazendo o ponto de vista dos candidatos são diversos os aspectos que a pandemia afetou diretamente.
De um lado temos a ansiedade, algo já comum nos processos de recrutamento e que se intensifica tendo em vista o cenário do desemprego, e o desejo de começar ou retornar ao mercado de trabalho, este último caso para aqueles que foram diretamente afetados pela primeira onda da pandemia, por exemplo.
A Undercover Recruiter publicou uma pesquisa segundo a qual:
- 73% dos entrevistados acreditam que encontrar um emprego neste momento é mais difícil, em comparação com 48% que se sentiam assim antes da pandemia;
- 48% das mulheres pensam que agora é “muito mais difícil” encontrar um emprego, em comparação com 21% em fevereiro;
- 33% dos trabalhadores relatou um nível de estresse um pouco maior no trabalho, enquanto 22% relatou um nível de estresse drasticamente aumentado;
- 46% dos trabalhadores entrevistados planejam ter uma segunda fonte.
Se anteriormente já falávamos da necessidade de investir em programas de recrutamento para estagiários e trainees, esse momento pede ainda mais atenção para a seleção dos jovens e futuros líderes.
Com diferentes gerações temos diferentes impactos. Um estudo da ManPowerGroup mostrou que para as gerações Z e X, por exemplo, o sentimento diante do trabalho presencial e do retorno ao local de trabalho é visto como positivo, enquanto os Millenials têm um maior receio com relação à saúde e às flexibilidades adquiridas.
Alinhar expectativas e a comunicação se torna essencial para manter os candidatos engajados no processo e menos inseguros com relação à empresa e seu modelo de contratação.
Além disso, os novos formatos de contratação em meio ao coronavírus nos fazem refletir com relação aos formatos utilizados anteriormente. É necessário observar a experiência do candidato e outros assuntos de extrema relevância, como diversidade e inclusão.
A crise foi um acelerador de desigualdades e é papel do RH adotar alternativas que possam assegurar a melhor experiência para os candidatos, além de um processo justo e eficiente, algo a ser considerado inclusive no momento das dinâmicas que acontecem online.
Como se preparar para o futuro?
Diante de tamanhas incertezas, estudos como o da ManPowerGroup mostram que a humanização é o futuro.
De acordo com a pesquisa, “8 em 10 trabalhadores querem mais equilíbrio entre trabalho e família”, mas não apenas isso. O mesmo estudo mostrou que depois das preocupações com a saúde, “o que mais preocupa os trabalhadores é voltar a uma velha forma de trabalhar, perdendo a flexibilidade que ganharam”.
E isso se aplica não apenas aos colaboradores, mas aos candidatos também.
Por isso, para os casos de recrutamento online é importante pensar em pontos como o uso de ferramentas eficientes, logística e gestão do processo, tornando inclusivo, fornecendo feedbacks relevantes e alinhando expectativas ao longo de todo o caminho.
Em se tratando de entrevistas em vídeo, por exemplo, temos uma tendência de uso contínuo mesmo após a pandemia. Os recrutadores só precisam estar cientes de que a versão virtual precisa fornecer o mesmo nível de interação que a presencial e é um ponto de atenção para aqueles que estão à frente dos processos.
Conclusão
A área de recursos humanos é ponto focal neste momento porque deve garantir um processo eficiente, mesmo em um formato fora do que antes era convencional, além de proporcionar conforto e segurança para os candidatos e colaboradores em meio a um período de incertezas.
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