Entrei na minha universidade em 2013, no curso de Relações Públicas. Da minha turma, 30 meninas e 10 meninos; dos meus professores, 75% de quadro feminino; dos artigos que eu lia, 6 de cada 10 autores eram mulheres. Meus exemplos de profissão sempre se pareciam comigo.
Em agosto deste ano, fui desafiada a estar sob uma nova ótica. Recebemos o incrível desafio da Siemens de co-idealizar um programa que pudesse apresentar o mundo da organização para jovens universitárias de engenharia, mostrando as opções de carreira e todos os seus desafios.
E lá fomos facilitar o Siemens Woman Experience, com essas 20 incríveis jovens selecionadas para 3 dias de experiência no Rio de Janeiro, estudantes que lideravam grandes coisas nos seus cursos, de competições de fórmula SAE, a grupos de robótica e estágio em cyber–security.
Entre as programações, papos cara-a-cara com as lideranças globais da Siemens, um dia no Siemens Forum (o maior evento de clientes da Siemens) e um laboratório de inovação para criar um novo modelo de negócios para o setor de Óleo e Gás.
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Porém, o que poderia ser, facilmente, uma simples ação de atração de talentos foi, na verdade, um curso de liderança feminina na prática. Com todas as suas dores e delícias.
Sinta o Siemens Women Experience 2018 no vídeo a seguir:
E o que significa ser uma mulher na engenharia?
- Em 2016, somente 30,3% dos estudantes de Engenharia Civil eram mulheres;
- Nos últimos 5 anos, as mulheres representam apenas 27% do total de estudantes que ingressaram nos cursos de engenharia na USP;
- Na primeira chamada do Vestibular de 2017 do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), dos 110 convocados, 11 eram meninas;
- Em 2000, as mulheres eram 22,1% dos estudantes que concluíram algum curso de engenharia. E, em 2015, aumentou para 29,3% (Dados: USP, ITA e INEP).
Não somente nos dados, mas nas falas das universitárias, é perceptível ver o quão desafiador é ser parte de uma pequena minoria na sala de aula e o quanto é necessário que elas provem que aquele lugar é delas, com todo o seu mérito para ir até o final do curso.
Mas, quero falar das coisas boas! Quero falar das 5 principais coisas que aprendi sobre liderança com essas mulheres incríveis!
Imagine ter uma hora para perguntar tudo que você quiser para Lisa Davis, CEO Global de Energia da Siemens e, segundo a Forbes, uma das 50 executivas mais influentes do mundo! Em um papo cheio de abertura, atenção e sorrisos, pontuo os principais pontos que Lisa nos ensinou:
1. “Por mais que seja difícil, seja autoconfiante!”
Não dá para ignorar os desafios do mercado em ser uma liderança feminina, a diferença entre salários, as oportunidades de promoção e outros preconceitos que as mulheres enfrentam. E como tudo isso se aplica a como nos percebemos, principalmente na nossa autoestima e na confiança em seguir. A autoconfiança e a “Síndrome do Impostor” são desafios diários.
E Lisa mostrou que não é de um dia para o outro que nos tornamos autoconfiantes, é uma construção diária difícil, mas essencial para seguirmos resilientes. É preciso comemorar as nossas conquistas (das menores para as maiores), buscar o autoconhecimento para ter uma percepção clara do que somos muito boas e o que queremos melhorar e, cada vez mais, nos afirmar: que esse é o nosso lugar, sim!
2. “A vida é degrau por degrau!”
Como essa frase da Lisa fez sentido! Contando sobre toda a sua carreira, ela disse que não almejava um cargo apenas pelo cargo, mas por como ela poderia crescer e contribuir ali. A vida é muito mais do que o cargo que você se apresenta, é sobre a trajetória que você viveu e quem você se tornou por isso.
Então, aproveite ao máximo cada degrau, entregue os melhores resultados e cresça com eles. Como Jim Collins gosta de falar: O que importa é quem você se tornou ao escalar o topo da montanha. E Lisa ainda complementa: Divirta-se!, a trajetória precisa ser divertida e prazerosa no dia a dia!
Neste dia, as meninas também puderam conversar com Eva Schulz-Kamm, Líder Global de Corporate Government Affairs da Siemens. Entre os diversos aprendizados, que felicidade em ver as meninas contempladas em temas da liderança que, muitas vezes, não há espaço para se discutir: o equilíbrio entre vida pessoal e carreira! Sabemos que a divisão entre os objetivos pessoais e profissionais das mulheres, ainda tem gerado desigualdade, mas como é bom ter um exemplo falando que:
3. “Não existe uma chave para desligar o trabalho, o importante é como você lida com isso!”
Eva, com muita abertura, ao ser questionada sobre como ela equilibrava vida e carreira, disse que gostaria de ter uma “chave que a desligasse dos desafios do trabalho” em seus momentos pessoais, porém com sua alta responsabilidade isso era desafiador. Ela traz a importância da disciplina em saber dividir esses momentos, de ter consciência sobre como eles influenciam o nosso dia a dia. Que é preciso fazer alguns sacrifícios, mas que se colocados na balança, eles deveriam ser sempre o que nos completassem. Se ela escolhesse abrir mão dos desafios do trabalho, não se sentiria totalmente feliz.
Entre tudo que é essencial para você, desde cuidar da sua saúde à entregar seus resultados, não é preciso abrir mão de um no lugar do outro. Fique com tudo que for mais importante para a pessoa que mais importa: Você!
E em todo final de dia, nós nos reuníamos e fazíamos uma “colheita de aprendizados”. Depoimentos que nunca vou esquecer, assim como as lágrimas de alegria e as risadas. E essas 20 meninas também nos ensinaram demais, foi difícil escolher, mas os que reforço são:
4. “Não deixe que os 200% atrapalhem os seus 100%!”
É um desafio diário provar que estamos ali por mérito, pela nossa capacidade. Qualquer erro, parece ser muito mais evidenciado. O que nos faz nos sentirmos pressionadas a sermos perfeitas, a entregar muito mais do que a média faz. Por um lado, isso eleva a nossa régua e nos desenvolve muito, porém por outro, devemos admitir, que é uma carga muito grande a se carregar.
Mas, não precisamos ser perfeitas, precisamos ser corajosas. Assim como os meninos sempre foram incentivados. Muitas vezes, a pressão por entregar 200% de nós, nos dá medo de arriscar e nos jogar, e alcançar os 100% da nossa capacidade.
Foi um exercício incrível de coragem dessas meninas, de abrir mão desse controle e entregar os melhores resultados sem medo, operando pela confiança. Mais do que evidente na difícil escolha da banca avaliadora dos modelos de negócio que as meninas desenvolveram, as ganhadoras foram decididas pelo voto de minerva 😉
5. “Exemplos importam: Precisamos apoiar umas as outras!”
“Espero que daqui alguns anos, nós possamos nos encontrar e, dessa vez, como colegas de trabalho, clientes ou sócias uma das outras. Se um dia eu não tinha nenhum exemplo feminino na minha sala de aula, hoje eu levo 19 inspirações para eu continuar na engenharia!”, disse uma das participantes.
Eu ainda me emociono quando eu lembro dessa fala, esse é um dos motivos pelo qual a representatividade importa. É poder olhar para os nossos espelhos e nos vermos ali, é poder ter exemplos que gerem empatia e que tenham passado pelos mesmos desafios que nós. É poder ver em outras mulheres o suporte e apoio. É a nossa chance de empoderar as mulheres em nossa volta para que possamos ser, cada dia mais, a representatividade de liderança nas organizações.
Tenho certeza que, essas 20 meninas empoderadas e cheias de resiliência, irão abrir portas para outras dezenas de meninas na engenharia. Elas são parte do futuro que já está sendo construído!
E para virar o jogo, não podemos estar sozinhas. Ter as portas abertas para elas é essencial, e a Siemens é uma das organizações que quer liderar esse processo. Com uma diretriz global e forte apoio nacional, a organização quer um futuro mais feminino na engenharia e tecnologia, mostrando que para vencer os desafios dos próximos 100 anos é necessário apostar em 100% dos talentos do mundo!
Meninas, esse lugar é NOSSO!
Quer saber mais sobre o que estamos aprendendo com os mais de 240 mil jovens que impactamos em nossa rede? Conheça mais histórias e venha bater um papo conosco!