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Pipeline de liderança: o que é e como formar bons líderes?

Por 25 de junho de 2019abril 30th, 2021Para negócios, Treinamento e desenvolvimento8 min de leitura

A arte de liderar é uma disciplina a ser cuidadosamente aprendida por aqueles que desejam ser bons líderes. Por isso, o pipeline de liderança é um excelente caminho para desenvolver gestores de alta performance dentro da sua empresa, independente do nível hierárquico.


De acordo com o relatório State of Leadership Development 2015, do Brandon Hall Group, 71% das empresas confessam que seus líderes não estão prontos para tomar a frente da organização no futuro. Além disso, apenas 25% possuem sucessores prontos para assumir os cargos mais altos, enquanto meros 19% acreditam que seus programas de desenvolvimento de lideranças são efetivos.

Esse panorama é preocupante para as organizações que precisam, mais do que nunca, de ferramentas eficazes para avançar na formação de seu corpo diretivo. Segundo os consultores Ram Charan, Stephen Drotter e Jim Noel, são necessárias seis transições para a preparação dos líderes. Para explicá-las eles criaram o conceito de “Pipeline de Liderança”, que também é o título do livro sobre o tema.

Pipeline” significa canalização – tubulações que se dividem em canais diferentes. Aqui os autores aplicam o conceito como uma metáfora: os desdobramentos dos canos são as transformações a que os líderes precisam se submeter. “Atravessá-los ajuda a construir força emocional à medida em que assumem tarefas de complexidade e alcance maiores”, explica Ram Charan.

Vantagens de utilizar o pipeline de liderança

A aplicação desse modelo em uma organização fornece vários benefícios. Essas vantagens podem ser divididas em dois grandes grupos: melhorias na eficiência operacional e melhorias nas habilidades e capacidades dos funcionários.

Melhorias na eficiência operacional

  • O modelo de pipeline de liderança facilita o processo de seleção da organização e seu planejamento de sucessão. Isso impulsionará o processo geral de desenvolvimento de liderança, garantindo que a organização tenha talento interno suficiente;
  • O processo também fornece ao departamento de RH uma melhor compreensão da situação atual da liderança, o que proporciona um melhor entendimento do nível atual e futuro das habilidades de liderança em diferentes estágios da organização e permite um melhor planejamento em termos de pessoal.

Melhorias nas habilidades e capacidades dos funcionários

  • O modelo de pipeline de liderança é eficaz para capacitar os funcionários da organização e elevar seu conjunto de habilidades para novos patamares, criando uma organização na qual os funcionários têm uma clara carreira disponível, o que pode ser uma forte motivação em termos de produtividade;
  • A estrutura cria um sistema que permite ao funcionário identificar suas capacidades específicas, aprimorando e nutrindo seu talento único. Isso garantirá que o colaborador se encontre nas posições mais adequadas para ele.

As 6 etapas do pipeline de liderança

Há seis etapas no modelo de pipeline de liderança. Cada estágio é criado de maneira que os líderes possam desenvolver as competências necessárias para passar para a próxima etapa e, finalmente, ser capaz de estar no comando da organização. A seguir, descrevemos a função de cada etapa e o ponto de foco de cada nível de liderança.

pipeline de liderança

Modelo de pipeline de liderança / Reprodução Leadership Pipeline Institute

Embora essas sejam uma excelente representação das passagens de liderança, sua organização pode observar aspectos distintos que você precisa considerar ao implementar suas etapas.

Etapa #1: gerenciando a si para gerenciar os outros

As habilidades que os potenciais líderes devem aprender durante a primeira etapa incluem o planejamento do trabalho, a atribuição de trabalho, a capacidade de motivar e treinar outras pessoas e a avaliação de outros funcionários. A ênfase está nas funções básicas de gerenciamento, como realocação de tempo e outros recursos.

Como o gerenciamento do tempo aumentará em importância à medida que a pessoa progride na liderança, a capacidade de alocar tempo com eficiência é crucial para um maior desenvolvimento. Mas, além das mudanças de comportamento, a etapa também enfatiza as alterações baseadas em valor. A atitude do funcionário deve mudar de tolerar a gerência para avaliar sua importância.

Etapa #2: gerenciando outras pessoas para gerente líder

Charan, Drotter e Noel consideraram o segundo passo o mais negligenciado entre as organizações. Eles acham que o passo #2 é o mais crucial, já que “é o nível em que a fundação de gerenciamento de uma empresa é construída; os gerentes de nível dois selecionam e desenvolvem as pessoas que eventualmente se tornarão líderes da empresa ”.

Portanto, é essencial entender esse ponto corretamente. No início a diferença para a etapa anterior não é tão óbvia, mas a divergência é encontrada no nível das tarefas. O gerente de segundo nível deve ser capaz de se despojar das tarefas individuais e de não gerenciar puramente os outros.

Etapa #3: gerente líder para gerente funcional

A terceira passagem vê gerentes de gerenciamento se transformarem em gerentes funcionais. A mudança pode não parecer significativa, mas há grandes mudanças a serem descobertas. A chave para se tornar um gerente funcional é desenvolver ainda mais as habilidades de comunicação do líder.

As principais habilidades que precisam ser desenvolvidas nesse momento são: a capacidade de fazer parte da equipe (isto é, a comunicação) e a compreensão das necessidades e preocupações dos outros. 

Etapa #4: gerente funcional para gerente de negócios

Durante a quarta passagem o gerente dá um grande salto na escala de liderança. Um gerente de negócios precisará ser capaz de atuar sob pressão maior, à medida que a autonomia para tomar decisões se expande ainda mais. A organização deve encontrar os funcionários certos para esse processo, pois a passagem exige habilidades reais de liderança dos funcionários.

O quarto nível é uma mudança importante no modelo de pipeline de liderança, pois as habilidades começam a mudar de poder gerenciar para poder liderar. O foco do desenvolvimento deve se concentrar em melhorar a capacidade do gerente de trabalhar, inspirar e controlar diferentes equipes.

Etapa #5: gerente de negócios para gerente de grupo

A mudança de gerente de negócios para gerente de grupo é a mais evidente no valor que eles podem atribuir a diferentes empresas. Enquanto um gerente de negócios continuará focado nas realizações de sua equipe, um gerente de grupo se satisfaz com o sucesso de outros. A passagem é sobre descobrir as pessoas que são capazes de apoiar e incentivar outros gerentes a se destacarem, em vez de se concentrarem em serem perfeitas.

A passagem requer o desenvolvimento de várias habilidades. Primeiro, a ênfase deve estar nas habilidades de avaliação e na elaboração de estratégias, que se concentrem adequadamente na alocação e implantação de capital. Trata-se da capacidade de analisar e identificar os dados corretos, bem como a aplicação das estratégias corporativas corretas em qualquer situação.

Etapa #6: gerente de grupo para gerente corporativo

Finalmente, o modelo de pipeline de liderança chega à passagem final, que vê os gerentes de grupo se tornarem gerentes corporativos. Nesse ponto a ênfase está nos valores – não é baseada em habilidades. As habilidades do líder já devem ter sido comprovadas em termos de habilidades técnicas.

O desenvolvimento dos líderes da fase final deve enfatizar o pensamento visionário, e não estratégico. Nesse nível os líderes devem ser capazes de pensar grande e ver o caminho a seguir, mesmo quando ainda não foi percorrido. 

Valuable Young Leaders

Em um momento de incertezas e revelações em relação às lideranças brasileiras, há uma expectativa de que as próximas páginas sejam fonte de esperança, dando luz a uma nova geração de líderes capazes, íntegros e conscientes, que transformarão as empresas brasileiras. 

Seguindo uma linha de desenvolvimento de lideranças semelhante à do pipeline de liderança, o Instituto Anga criou em 2017 uma premiação e uma comunidade de jovens intraempreendedores com alto potencial de transformação.

Após diversas pesquisas e estudos foi possível concluir que as principais competências comportamentais que definem um(a) Valuable Young Leader estão relacionadas com a sua capacidade de liderança em diferentes níveis, sendo eles:

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Liderança de si

Capacidade de conhecer a si, suas fortalezas e fraquezas, contextos onde performa melhor, formas de aprendizado, controle de suas emoções e atitudes, bem como outros elementos fundamentais para liderar sua própria vida.

Liderança dos outros

Capacidade de liderar outras pessoas de forma efetiva, inspirando, construindo relações de confiança e extraindo o melhor das pessoas e dos relacionamentos.

Liderança da organização

Capacidade de impactar a organização da qual faz parte, gerando resultados excepcionais e sustentáveis para o negócio e todos os demais envolvidos.

Liderança na sociedade

Capacidade de transformar a sociedade de maneira consistente, consciente e com visão clara para com as ações de impacto e do papel que desempenha dentro dela.

O grande sonho do Valuable Young Leaders é que ele se torne um movimento de jovens que entendem seu papel fundamental na transformação das organizações brasileiras, ajudando-as a atravessar um movimento de incerteza e inquietação que afeta todo o país.  E também um movimento de empresas que acreditam no potencial dos jovens e investem no seu crescimento.

Adaptar é importante

O autor do pipeline de liderança deixa claro que o modelo não precisa ser seguido à risca pelas organizações. Na verdade, a ideia é adaptá-lo à realidade da empresa, mantendo os princípios básicos das passagens.

Um dos fatores mais flexíveis é o tamanho, pois o porte da empresa pode exigir menos (ou até mais) transições para a liderança. O importante é usar o modelo para desenvolver planos de carreira e planejar sucessões com antecedência, dando o tempo necessário para que os líderes evoluam até o ponto de maturidade desejado.

Além disso, a empresa deve incluir no programa as competências valores e habilidades necessários a cada transição, utilizando alguma forma de avaliação para comprovar o estágio do líder. Quer bater um papo sobre essa formação com nosso time? Fale com um dos nossos especialistas.

Victor Feitosa

Comunicólogo cearense que atua com programas de desenvolvimento pessoal. Um estudioso e apaixonado por educação, liderança e diversidade. Acredita que esses três pilares podem mudar o mundo se tivermos as pessoas certas nos lugares certos. No mais, adora filmes de terror, séries intrigantes e música pop.

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