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A remuneração no trabalho remoto e os impactos da Covid-19

Por 18 de novembro de 2020julho 16th, 2021Para negócios, Para gestores de RH8 min de leitura

Em um mundo pós-coronavírus e com o trabalho remoto ainda mais difundido entre as empresas, a remuneração poderá sofrer alguns impactos. As empresas precisarão entender como pagar salários justos para uma diversidade de colaboradores de diversas regiões do país e até do mundo. Para lidar com isso, algumas novas estratégias de remuneração podem ser pensadas.


Sabemos que muita coisa mudou nas empresas com o aparecimento da Covid-19, inclusive já comentamos sobre alguns desses pontos de mudança na área de Recursos Humanos, como as adaptações necessárias para recrutamento e seleção ou ainda o onboarding remoto de colaboradores.  

Outra questão que merece nossa atenção neste período de transição é a remuneração e os formatos de trabalho, como identificar aquilo que é mais compatível com a sua empresa, com o tipo de serviço prestado e mais justo para o colaborador. 

O que mudou no mercado de trabalho com a Covid-19?

O também chamado de teletrabalho tem crescido nos últimos anos, assim como a possibilidade de trabalhar em formato de home office, principalmente por ser alta a procura das novas gerações pela maior flexibilidade no trabalho, além do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. 

Pesquisas anteriores a Covid-19 já mostravam que essa seria uma necessidade da nova força de trabalho, como mostrou a After College ao relatar que “68% dos candidatos da geração Y ficariam mais inclinados a trabalhar em empresas que oferecessem o trabalho remoto como opção.”

As mudanças que vem acontecendo no mercado de trabalho são a nível global e tem impactado diversos segmentos e tamanhos de empresa. Grande parte das organizações tem repensado seus modelos e formatos de trabalho, principalmente no que se refere a tornar permanente o trabalho remoto. 

Diversas organizações, como o Twitter e o Facebook, divulgaram que o trabalho remoto será a realidade na empresa para aqueles que preferirem o modelo e estiverem em cargos que permitam esse formato por tempo indeterminado. 

Segundo uma pesquisa da consultoria Gartner com mais de 317 CFOs e líderes, cerca “74% dos entrevistados pretendem transferir parte da forma de trabalho para posições remotas de forma definitiva”. Quando questionados sobre as razões para essa mudança, um dos principais argumentos é o de economizar custos associados à contratação de trabalhadores em áreas de alta renda. 

Caso a sua empresa esteja considerando adotar, ainda que em alguma proporção, a manutenção do modelo que não exija a execução do serviço de forma presencial, é preciso algumas reflexões: os funcionários remotos ganham menos? Como será feita a definição da remuneração para este formato? 

Quais as diferenças entre o trabalho remoto e o presencial? 

A diferença entre estes formatos de trabalho basicamente consiste no local em que eles ocorrem. 

No caso do presencial, estamos falando diretamente do comparecimento à empresa para o exercício das funções. No caso do Brasil, 34,9% das empresas disseram que irão retornar as atividades presenciais entre setembro e dezembro, segundo a KPMG

Para a retomada aos escritórios as organizações precisam adaptar seus espaços e atender recomendações de segurança e saúde, como medição de temperatura, uso de máscaras e questionários sobre as condições de saúde dos colaboradores. 

Sabemos que a interação humana traz grandes benefícios, criando conexões entre os times e despertando a energia entre os funcionários da organização em meio ao convívio, mas fora os casos de instituições e funções em que não é possível a realização do trabalho de forma remota, a hesitação por parte das empresas acaba ocorrendo por questões relacionadas ao rendimento no trabalho. 

Apesar disso, os números mostram que o trabalho remoto vai na contramão desse receio: 

  • 58% dos colaboradores remotos sentem-se mais motivados no home office
  • 24% dos colaboradores remotos disseram que o trabalho remoto permitiu que conseguissem executar mais tarefas ao mesmo tempo em comparação ao trabalho no escritório; 
  • 24,52% dos colaboradores avaliaram que a produtividade aumentou cerca de 20%; 
  • 9,42% dos colaboradores acreditam que houve uma melhora superior a 20%; 
  • 23% dos colaboradores estão dispostos a trabalhar mais horas do que normalmente fariam no local para realizar mais; 
  • 53% dos colaboradores sentem que poderiam ser mais produtivos se tivessem a opção de trabalhar fora do escritório; 
  • 42% dos colaboradores remotos sentem-se tão conectados com os colegas como se estivessem trabalhando no local.

E esses são apenas alguns dos dados coletados sobre as impressões frente ao formato de trabalho remoto. 

Nessa modalidade, como a prestação do serviço é feita à distância, o trabalhador não precisa estar na empresa e não há objeções sobre o local de trabalho. O funcionário pode estar em uma cidade ou país diferente, em um coworking ou pode trabalhar de casa, por exemplo. 

Como definir o salário dos trabalhadores remotos?

A implementação acelerada pela pandemia e as consequências desse acontecimento nos formatos de trabalho, trouxe outra discussão: a remuneração.

Isso porque o trabalhar remotamente nos leva a pensar em formas diferentes de mensurar o trabalho, ou ainda calcular a prestação de serviço. 

Fato é que há redução de custos para a própria empresa. Segundo a Forbes, para empresas como a Aetna, a redução foi de “US$ 78 milhões (cerca de R$ 280 milhões) em custos imobiliários, e o fato ocorreu em consequência da combinação de estações compartilhadas com trabalho remoto.“

Outro bom exemplo é a American Express, que reduziu em cerca de “15 milhões de dólares os seus custos imobiliários com o trabalho remoto.”

Devemos pensar ainda que os gastos envolvem questões como transporte, estacionamento, instalações da própria empresa, outros benefícios e até mesmo a energia. 

Uma vez que além do fator monetário, temos ainda o impacto positivo no meio ambiente. A iniciativa Work Remote Day mostra que trabalhar remotamente ajuda a mitigar as mudanças climáticas anualmente: 

  • reduzindo o consumo de gás em mais de US $ 20 milhões; 
  • diminuindo as emissões de gases de efeito estufa em 54 milhões de toneladas; 
  • reduzindo o consumo de petróleo em 640 milhões de barris. 

No estado de São Paulo, a redução dos índices de poluição atmosférica na capital foi de cerca de 50% em apenas uma semana, segundo a Agência Fapesp

São variadas as consequências do trabalho remoto e, por isso, há ainda a discussão sobre as modalidades de remuneração que acabam variando entre três formatos: 

  • salários de acordo com a média do local onde o funcionário reside;
  • salários de acordo com a média do local sede da empresa; 
  • salários de acordo com a média nacional. 

É necessário entender quais razões movem as mudanças ou a escolha  do melhor formato de remuneração dentro da sua organização. 

#1 Salários de acordo com a média do local onde o funcionário reside

Para empresas como o Facebook, o formato adotado em meio a essas mudanças foi o de remunerar o colaborador de acordo com a média do local onde o funcionário reside. 

Ainda que a companhia pagasse excelentes salários, os custos de moradia eram grandes entre os colaboradores, principalmente pelo fato da instituição ter seus escritórios em alguns dos locais mais caros do mundo.  Por essa razão a empresa anunciou que haveria reajustes na remuneração de acordo com a localização de suas estações de trabalho. 

Essa forma de pagamento também pode ser interessante para cargos em que é difícil localizar um funcionário para ocupar a vaga, o que pode exigir uma busca mais ampla e remuneração mais competitiva. 

#2 Salários de acordo com a média do local sede da empresa

O que estabelece o padrão de remuneração neste caso é a localização da empresa, ou o escritório central. 

Também é uma forma tradicional de compensação, de forma que independentemente de onde o colaborador resida, a remuneração se mantém atrelada a competitividade do mercado em relação a sede da empresa. 

Empresas menores tendem a preferir esse modelo pela própria equalização do pagamento em toda a equipe, o que tende a garantir que todos os colaboradores sintam-se igualmente valorizados por sua contribuição para o desenvolvimento da organização. 

Neste formato, cresce a probabilidade de reter seus funcionários remotos a longo prazo com uma abordagem de alto incentivo financeiro para esses colaboradores. 

#3 Salários de acordo com a média nacional

Neste caso não é levado em consideração um local específico, o que pode ser mais atrativo para organizações maiores. 

Em geral, instituições de grande porte acabam tendo uma força de trabalho mais distribuída, especialmente para funções que não são altamente competitivas, o que significa maior número de candidatos para preencher as vagas disponíveis.

Além de ser um padrão muitas vezes aceito, pode ser adequado também para posições temporárias ou de executivos de alto nível hierárquico, em que as remunerações acabam não variando muito por regiões. 

Conclusão

Muitas mudanças estão acontecendo no cenário atual, e nem sempre temos acesso a dados de mercado suficientes para entender como adaptar a nossa realidade às transformações que estão acontecendo. 

Trouxemos alguns dados que podem contribuir não apenas para a escolha do melhor formato de trabalho para sua organização, mas também para entender as diferentes modalidades de remuneração e aquilo que melhor se adequa à sua empresa e colaboradores.  

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Sara Furtado

Como boa mineira é apaixonada por pão de queijo, café e uma prosa! Advogada, Customer Success ou redatora, tem sempre como objetivo ajudar pessoas a alcançarem seus objetivos e compartilhar o conhecimento adquirido até aqui!

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