Estabelecer uma cultura de feedback é de extrema importância para o crescimento das pessoas colaboradoras de uma organização, assim, mais que uma conversa de apontamentos negativos ou positivos, os feedbacks devem servir como uma ferramenta de apoio.
Fornecer feedbacks com regularidade é uma parte essencial da boa comunicação de gestão, pois promove crescimento profissional e aumenta a possibilidade de domínio e desenvolvimento das hard skills e soft skills.
As organizações que prezam por uma forte cultura do feedback permitem que as vozes dos colaboradores conduzam as melhorias da empresa, melhorando a comunicação e reduzindo a rotatividade. Além disso, muitas organizações percebem melhorias financeiras consideráveis quando fornecem e ouvem feedbacks das pessoas colaboradoras.
Os feedbacks e a segurança psicológica
Construir uma relação de sinceridade e transparência com seus colaboradores melhora consideravelmente os resultados no trabalho e mantém um ambiente mais inclusivo e saudável. É importante estar ciente de que o modo como uma empresa incorpora feedback à cultura tem um impacto enorme no engajamento e satisfação das pessoas. O feedback pode ser utilizado tanto em avaliações de desempenho, quanto em uma rotina diária.
Assim, para se tornarem mais realizadas dentro de uma organização, as pessoas precisam entender profundamente seus impactos sobre as outras, e até que ponto estão alcançando seus objetivos dentro do trabalho. Para isso, acreditamos que o feedback direto e humanizado é a maneira mais eficaz de coletar informações e aprender com elas, garantindo a segurança psicológica e fazendo com que as pessoas se sintam valorizadas em seus pontos positivos, e incentivadas a melhorar as possíveis falhas.
Um estudo do Google revelou que as equipes de melhor desempenho têm uma coisa em comum: a crença de que não serão punidas quando cometerem um erro. O estudo ainda aponta que pessoas em equipes com maior segurança psicológica têm menos probabilidade de deixar a empresa e são mais propensas a aproveitar o poder de diversas ideias da equipe. Além disso, estes são normalmente avaliados como eficazes com o dobro de frequência pelos executivos.
A pesquisadora Barbara Fredrickson, da Universidade da Carolina do Norte, em seu artigo “High-performing teams need psychological safety”, relata descobrir que emoções positivas como curiosidade, confiança e segurança expandem nossa mente dentro de uma organização. Assim, as pessoas tendem a se tornar mais resilientes, motivadas e persistentes quando se sentem seguras psicologicamente.
Como implementar a cultura de feedbacks?
Para estabelecer uma cultura consistente para a sua empresa, separamos algumas dicas que podem ajudar nesse desafio:
Dica #1 – comece pelas lideranças
Treinar e engajar as lideranças para oferecer retorno adequado aos seus colaboradores é o passo essencial para estabelecer uma cultura consistente. Para isso, oriente os profissionais sobre as práticas que devem ser seguidas durante esse papel.
Dica #2 – oriente as pessoas da equipe
Da mesma forma que é preciso engajar as lideranças, é importante orientar as pessoas sobre como os feedbacks devem ser recebidos, para que possam tirar o melhor proveito das considerações feitas por seus gerentes. O ideal é que a orientação seja dada de início no processo de onboarding.
Dica #3 – alinhe as expectativas
Para que os objetivos sejam alcançados, as lideranças e os liderados precisam estar alinhados às expectativas uns dos outros e às metas da organização.
Dica #4 – disponibilize diferentes canais para feedback
Principalmente nas ocasiões em que o feedback parte do funcionário para o líder, é importante que haja diferentes canais de comunicação que podem se adaptar às maneiras divergentes que os colaboradores se sentem à vontade para expressarem suas opiniões.
Dica #5 – mantenha um ambiente construtivo
É importante conhecer bem os perfis de pessoas das quais você está lidando, suas condições sociais e necessidades, para que as exigências e as conversas sejam adequadas e individualizadas, gerando mais impacto no desenvolvimento de cada um. É preciso garantir que a empatia e gentileza estejam sendo praticadas através dos feedbacks fornecidos e das ações cotidianas da sua empresa.
Por que estabelecer a cultura da gentileza?
Ao estabelecer a cultura de feedbacks dentro da sua empresa, é importante que as lideranças assumam também o compromisso da gentileza, entendendo o quanto ela pode ser benéfica para todos os setores da organização.
Para além da frase popular “gentileza gera gentileza”, receber elogios e palavras de reconhecimento ajudam as pessoas a se sentirem mais realizadas, melhorar suas autoavaliações e desencadear boas emoções sobre o local em que trabalham e sobre suas lideranças.
O estudo “Don’t underestimate the power of kindness at work”, da Harvard Business Review, aponta diversos benefícios do porquê manter a cultura da gentileza dentro da sua organização. O artigo afirma que os elogios têm como consequência positiva o bom desenvolvimento do olhar das pessoas sobre elas mesmas, porque confirmam o valor próprio e aumentam o entusiasmo dos colaboradores a se desenvolverem.
A gentileza das lideranças também molda a forma com que os liderados as percebem, incentivando a satisfação e aumentando as chances de trabalho a longo prazo. Outro ponto citado pelo estudo aponta que fornecer elogios pode ser ainda mais satisfatório do que recebê-los, portanto, essa prática acaba deixando o dia a dia mais leve, ao fomentar relações e fazer com que o papel de liderar também seja mais prazeroso.
Como fornecer bons feedbacks?
Muitas vezes, as lideranças entendem a importância de fornecer feedbacks, mas se questionam sobre o momento, a forma ou a real necessidade deles. Por isso, antes de realizar essa tarefa, líderes devem refletir sobre algumas questões:
- Este feedback é genuíno e vem por meio de uma intenção positiva?
- Os objetivos são específicos e acionáveis?
- A pessoa que está fornecendo o feedback é experiente ou qualificada o suficiente para fazê-lo?
- O feedback está sendo entregue em um espaço adequado e privado?
Caso alguma dessas respostas seja negativa, deve-se reconsiderar o formato desse diálogo.
Como ferramenta de apoio, as conversas construtivas devem demonstrar apreciação ao trabalho e reconhecer os esforços dos funcionários, além de serem sinceras, pontuais e estabelecerem metas de melhorias. Dessa forma, fica mais fácil garantir que as competências e habilidades das pessoas sejam potencializadas e que o feedback não seja conduzido de forma crítica e prejudicial.
Separamos aqui alguns passos que podem ajudar você a fornecer feedbacks mais assertivos:
Passo #1 – identifique o seu propósito
Saiba sobre o que você vai falar e qual a relevância de ter essa conversa. Entenda quais são as formas de aprimoramento dos pontos negativos citados e identifique possíveis ações.
Passo #2 – ajuste seu tom
Estabelecer um tom positivo e agradecido faz com que as pessoas fiquem naturalmente mais receptivas aos próximos comentários que serão feitos. Converse com cada pessoa de forma individual e evite qualquer tipo de exposição.
Passo #3 – seja específico
Descreva com clareza o que você observou e identifique pontualmente as ações ou eventos que fizeram com que essa conversa se tornasse necessária. Certifique-se de apontar causas que estejam estritamente relacionadas ao trabalho.
Passo #4 – mantenha a escuta ativa
Uma conversa bem construída é feita por momentos de fala e escuta. Por isso, dê a oportunidade da pessoa falar sobre o que pensa a respeito da situação e leve em consideração os apontamentos feitos durante a conversa.
Passo #5 – ajude a construir caminhos
É importante oferecer sugestões e soluções específicas de como a situação pode ser melhorada. Esteja disponível para apoiar e incentivar o crescimento das pessoas colaboradoras, evidenciando quais os melhores caminhos a serem seguidos. Esse passo é extremamente importante, pois faz com que o feedback se torne uma ferramenta de melhoria, em vez de apenas uma crítica.
Passo #6 – resuma tudo o que foi discutido
Para garantir que a mensagem tenha sido efetiva e evitar mal entendidos, é importante resumir e rever tudo o que foi dito e ter certeza de que a mensagem tenha sido transmitida com eficiência.
Na mesma medida em que deve-se desenvolver conversas de apontamentos sobre o que as pessoas podem melhorar, é preciso entender a magnitude dos elogios e como fornecê-los da melhor forma possível, partindo do princípio que toda a comunicação de feedback deve fazer sentido ao colaborador. Acreditamos que os líderes devem trabalhar a capacidade de elogiar as pessoas de sua equipe com sinceridade e cordialidade, respeitando as individualidades de cada um e relacionando os elogios aos acontecimentos do dia a dia.
Feedback contínuo gera diálogo construtivo
As relações interpessoais não são construídas com conversas unilaterais e, considerando que as novas gerações prezam cada vez mais pela valorização no trabalho, é preciso manter um diálogo aberto e frequente com os colaboradores, abrindo espaço para que também compartilhem suas opiniões e troquem ideias em um ambiente estruturado e construtivo.
Assim, é importante entender que a constância dos feedbacks e o formato em que são realizados têm extrema relevância nos resultados, pois quando o feedback é irregular, a tendência da conversa unilateral é mantida e há pouco espaço para o diálogo. Em contrapartida, a alta constância do feedback coloca o diálogo recíproco no centro das práticas gerenciais.
Tenha em mente que a regularidade das conversas mantém as linhas de comunicação abertas, por isso, é importante investir pequenos períodos de tempo em intervalos regulares para ajudar as pessoas da sua equipe em seu desenvolvimento profissional e pessoal. Assumir um pequeno compromisso diário ou semanal de retorno sobre o desempenho das atividades é o suficiente para garantir que as pessoas se sintam ouvidas, motivadas e incentivadas a compartilharem suas ideias.
Em união aos programas de desenvolvimento mais formais, a cultura de feedbacks também é uma forma de se desenvolver, porque ajuda as pessoas a definirem objetivos claros e estabelecerem as próximas etapas pragmáticas, mantendo-os alinhados aos objetivos da organização.
Por fim, acreditamos que os líderes devem desenvolver um esforço consciente de observação sobre cada colaborador, bem como o aprimoramento de fala sensível, garantindo um ambiente de humanização.
Quer receber mais dicas de como treinar e desenvolver sua equipe? Assine a nossa newsletter e receba conteúdos mensais.
Show, Carol.
=]