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Para se ter uma empresa realmente inclusiva, as lideranças precisam estar muito bem alinhadas sobre como fazer uma gestão da diversidade efetiva. A maioria das organizações ainda não está preparada para lidar com esse ativo estratégico, mas é necessário começar a implementar boas práticas para fortalecer ainda mais a marca empregadora nesse sentido.


Diversidade no local de trabalho refere-se à variedade de diferenças entre os indivíduos de uma organização. O tema abrange raça, gênero, grupos étnicos, idade, espiritualidade, orientação sexual, status de cidadania, condições mentais e físicas, bem como outras características que estão relacionadas à interseccionalidade no trabalho. E isso inclui não apenas como os indivíduos se identificam, mas também como os outros os percebem. 

De acordo com uma pesquisa conduzida pela Glassdoor, 67% dos candidatos a emprego disseram que uma força de trabalho diversificada é importante quando se considera as ofertas de emprego e 57% dos funcionários acham que suas empresas deveriam ser mais diversificadas.

Diante desse cenário, grande parte das organizações já identificaram a necessidade de criar uma frente de gerenciamento para esse ativo estratégico, visto que traz benefícios internos e externos para todo o ecossistema envolvido. 

Como surgiu o conceito de gestão da diversidade?

Embora tenha ganhado mais espaço nos anos 1990 nos Estados Unidos, desde o final da Segunda Guerra Mundial o debate sobre diversidade já existia por causa de quatro grandes movimentos sociais:

  • a mistura demográfica ocasionada pela globalização e pelos movimentos migratórios;
  • a presença das mulheres no mercado de trabalho;
  • várias gerações coexistindo por causa do aumento da expectativa de vida;
  • o surgimento de uma cultura mais liberal e tolerante.

Essas discussões também serviram de base para se evidenciar um universo corporativo homogêneo e marcado por questões de desigualdade que lidamos até hoje, tais como:

  • discriminações sociais no acesso ao emprego;
  • divisão sexual do trabalho e baixa representatividade feminina em cargos de liderança;
  • conflitos interculturais;
  • dificuldades de inserção dos jovens;
  • afastamento dos funcionários com mais de 50 anos de idade;
  • dificuldades de inserção de pessoas com deficiência.

A gestão da diversidade surgiu em meio a esse debate e consiste em uma prática gerencial da administração de recursos humanos. É considerada uma ferramenta fundamental para a gestão de empresas que buscam na diversidade de colaboradores a sua vantagem competitiva e recrutam profissionais de diferentes formações, características ou experiências.

A diversidade também pode se aplicar a diferenças de:

  • pensamentos;
  • pontos de vista, ideias e opiniões;
  • hábitos, crenças e valores;
  • gênero, idade, gerações e outros aspectos.

Nesse sentido, existem várias vantagens para as empresas que implantam a gestão da diversidade, tais como:

  • reduz problemas jurídicos, exposição negativa e reivindicação diante do risco de preconceito e discriminação;
  • constrói ambientes organizacionais mais ricos, representativos e estimulantes;
  • mobiliza e capitaliza forças criativas por causa da maior riqueza de análise de colaboradores multiculturais;
  • constrói abertura para uma sociedade e uma economia mais globalizadas;
  • responde aos questionamentos éticos e morais em torno da igualdade de oportunidades e direitos;
  • a empresa apresenta um grande potencial de inovação, de performance e criatividade por causa da diversidade de ideais, pensamentos e culturas.

Dicas para colocar a gestão da diversidade em prática

A Ambra College reuniu diversas orientações para você e seu time começarem a executar um plano de gestão da diversidade. Dá só uma olhada:

Dica #1: analise a cultura organizacional da empresa

A cultura da sua empresa promove inclusão? Se não promove, o que pode ser feito para que isso seja mudado? Reflita sobre as ações comuns que podem dividir a força de trabalho e fazer com que determinados grupos se sintam excluídos ou deslocados do ambiente de trabalho.

Uma boa dica é realizar pesquisas de clima organizacional para que você consiga avaliar como os colaboradores se sentem sobre a cultura da empresa e descobrir problemas e questões que possam provocar conflitos ou até mesmo a saída de bons colaboradores.

Dica #2: repense as políticas da empresa

Uma dica é incluir itens sobre a gestão da diversidade nos documentos oficiais da empresa, registrando as consequências da discriminação no ambiente de trabalho, além de redigir um Código de Conduta. Deixe bem claro que esse tipo de atitude é crime e não serão tolerados brincadeiras ou comportamentos preconceituosos. 

Uma boa política empresarial também deve garantir igualdade nos direitos, na contratação, na remuneração e nas políticas de incentivo e desenvolvimento. Portanto, promoções e recrutamentos devem ser baseadas no desempenho do colaborador, e não em questões pessoais.

Também fique atento e atualizado em relação a leis e projetos sobre temas em relação a igualdade de direito, sempre verificando se as políticas e o posicionamento da empresa estão alinhados. Além disso, a empresa precisa incentivar as denúncias de práticas dessa natureza, com canais oficiais e que não são meramente ilustrativos.

Um lembrete importante: a cultura de trabalho também precisa ser alinhada nos níveis superiores da empresa, dos gestores aos diretores. Sem isso, as chances de manter uma diversidade de forma geral diminuem – e o índice de retenção de talentos também.

Dica #3: mensure e reflita sobre a sua empresa

Meça a diversidade da sua empresa e reflita de forma objetiva. Há uma boa representatividade de opiniões, culturas, gêneros e outros aspectos? Existe algum grupo que está sendo desfavorecido na equipe?

Comece repensando a representatividade de acordo com as atividades desempenhadas pelos seus colaboradores:

  • Eles têm as ferramentas necessárias para o trabalho? 
  • Estão conseguindo trabalhar de forma produtiva? 
  • Existem impedimentos para isso? 
  • Algum grupo está se sentindo desmotivado? 
  • Existem chances de crescimento iguais dentro da empresa, independentemente do gênero ou de qualquer outra diferença?

Dica #4: cuidado na hora de contratar os colaboradores

Temos a tendência de escolher candidatos com os quais nos identificamos mais, o que chamamos de viés inconsciente. Dessa forma, uma dica é fazer as mesmas perguntas base para todos os candidatos, sem benefícios e vantagens a ninguém.

Certamente você pode ter dificuldades na hora de encontrar pessoas com diferentes experiências e origens para determinados departamentos da sua empresa. Nesse caso, mantenha a persistência, continue na busca e, se necessário, ative organizações aliadas focadas em grupos específicos para encurtar essa procura.

Outra dica na hora do recrutamento é ampliar a área geográfica dos candidatos, pois dessa forma você pode alcançar mais colaboradores com perfis e experiências diversas para integrarem o seu time.

Dica #5: tenha uma comunicação interna alinhada

Os colaboradores e gestores precisam ter uma comunicação bem alinhada sobre o valor da diversidade e a importância do respeito em detrimento do favoritismo. Somente dessa forma é possível mudar pensamentos e pré-julgamentos no ambiente empresarial.

Uma dica é investir em treinamentos que estimulem a sensibilidade da equipe, abordando temas como preconceito, a importância da diversidade, atitudes consideradas ofensivas, entre outros temas. Nesses encontros, todos os colaboradores devem participar, independente do cargo ou perfil pessoal.

Dica #6: trabalhe na retenção de talentos

Muitas empresas acreditam serem capazes de atrair um conjunto diversificado de candidatos. Mas, com o tempo, a cultura organizacional e a política empresarial que não colocam a diversidade em prática resulta em uma maior taxa de rotatividade de determinados grupos.

Nesse sentido, concentre-se na retenção de talentos aplicando as dicas anteriores:

  • repensando a rotina de trabalho da equipe;
  • reorganizando a cultura organizacional e a política empresarial;
  • construindo um recrutamento e uma comunicação interna alinhados a essa cultura;
  • promovendo a integração entre toda equipe por meio de treinamentos e outras ferramentas.

Isso garante, a todos, iguais chances de crescimento e amadurecimento profissional.

Em um mundo cada vez mais globalizado, é fundamental que as empresas consigam inovar em seus produtos, serviços e cultura pensando na pluralidade de pessoas que, mesmo dentro de um mesmo nicho, apresentam diferentes opiniões e experiências de vida, produzindo ideias inovadoras e um ambiente representativo.

Implantar a gestão da diversidade no ambiente empresarial é verdadeiramente um desafio, mas vale a pena o investimento. Para mergulhar ainda mais no assunto, faça o download do nosso material sobre como atrair e selecionar pessoas trans.

Victor Feitosa

Comunicólogo cearense que atua com programas de desenvolvimento pessoal. Um estudioso e apaixonado por educação, liderança e diversidade. Acredita que esses três pilares podem mudar o mundo se tivermos as pessoas certas nos lugares certos. No mais, adora filmes de terror, séries intrigantes e música pop.

4 Comentários

  • MARIA LUISA DA PAZ disse:

    Excelente artigo sobre Gestao da Diversidade, parabens.

  • Sarah disse:

    Qual a razão pela qual as organizações na inserção da diversidade com o passar do tempo acaba acarretando dificuldades na condição desta gestão?

    • Fernanda Lott disse:

      Olá! Bom, algumas empresas acabam apenas “contratando” pessoas diversas, sem realmente criar ações de inclusão. Através de uma boa gestão da diversidade, você consegue criar ações de inclusão que envolvam todas as empresas, para que essas pessoas contratadas realmente se sintam parte do todo. 🙂

  • Maria Rozelha Pontes Cunha disse:

    Parabéns pelo excelente artigo sobre diversidade.

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