Você já recebeu algum feedback sobre pontos que você precisa se desenvolver? Já passou horas estudando para uma matéria que não é muito o que você tem afinidade porque queria tirar total? Já ouviu dizer que para ter sucesso você precisa ter uma rotina similar à pessoa X ou Y? Fez atividades no trabalho/estágio e sente que sempre poderia melhorar?
Sinto que você provavelmente respondeu sim para pelo menos uma das perguntas acima. E claro, é normal que isso aconteça, afinal estamos inseridos em uma sociedade que incentiva você a manter os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos. Principalmente agora que estamos vivendo um momento de crise em que naturalmente pensamos sobre como nos destacar nesse mar de incertezas. Mas, mesmo diante de tudo que estamos vivendo, gostaria de te fazer o convite de pensar o oposto do que a sociedade nos ensina.
O que acontece se eu desenvolvo o que eu já sou bom para que eu seja excelente e gerencio aquilo que eu não sou tão bom, que são meus pontos fracos, para que não me atrapalhem?
Para falarmos sobre essa nova perspectiva, gostaria primeiramente de te apresentar Donald Clifton, que é apelidado por muitos seguidores de avô da Psicologia Positiva. Em meados de 1960, Clifton começou a reparar como na sociedade existiam tantas linguagens, testes e características para descrever o que as pessoas precisavam melhorar, mas não existia material e conteúdo a respeito do que as pessoas tem como talentos. Clifton começou a estudar a respeito e em 1998, juntamente com alguns outros cientistas, fez uma pesquisa com diversas pessoas de diferentes posições sociais e profissionais. Coletou mais de 100.000 entrevistas para identificar características em comum do que as pessoas eram boas em ser e fazer e conseguiu identificar 34 padrões que reverberam até hoje com o que chamamos de Talentos. Toda essa descoberta inicia uma nova cultura, a de entender e valorizar os nossos pontos fortes.
Com o tempo, os resultados dessa nova cultura puderam ser medidos e entenderam que focar em pontos fortes aumenta em até 15% o engajamento de um colaborador e pode aumentar 12,5% a produtividade de uma equipe e em até 29% a lucratividade de uma empresa (quer saber mais sobre? Entre aqui). Esses dados só corroboram o que viemos conversar aqui hoje, de focarmos naquilo que já somos bons para sermos excelentes.
Você deve estar se perguntando como então descubro os meus talentos e como posso desenvolvê-los para que se tornem pontos fortes principalmente no momento de crise em que estamos vivendo hoje. Antes então de entrarmos nesta questão, quero reforçar que essa descoberta do que somos bons em fazer e ser não é só uma mudança de mentalidade mas um processo de autoconhecimento, de identificar no dia-a-dia os nossos sucessos e o que nos levou até eles. Para começarmos a exercitar esse olhar, quero propor um exercício de 4 etapas. Sugiro que aproveite esse momento de reclusão social para marcar um date com você mesmo, ou seja, tirar um tempo de qualidade para passar pelas etapas com presença.
Etapa 1: Quais são os meus talentos?
Essa etapa consiste inicialmente em identificarmos quais são realmente nossos talentos. Para isso, responderemos 5 perguntas norteadoras. Esses questionamentos te levarão a descobrir seus talentos, que são os nossos padrões naturais de pensar, sentir e se comportar e que quando aplicados de forma produtiva, com investimento de recursos (tempo, energia, parcerias, por exemplo) se desenvolvem gerando uma habilidade de produzir consistentemente um resultado quase perfeito em uma tarefa específica, ou seja, gerando nossos pontos fortes. Vamos lá?
- A que tipo de atividades você está naturalmente propenso?
- Quais tipos de atividades você parece assimilar rapidamente?
- Em quais atividades você parece saber automaticamente os passos a seguir?
- Durante quais atividades você teve momentos de excelência subconsciente, que o fizeram pensar “Como fiz isso”?
- Quais atividades deram a você satisfação ao realizá-las ou que imediatamente ao terminá-las, você pensou “Quando vou poder fazer isso de novo”?
Caso não saiba com clareza o que você faz de melhor, recorrer a pessoas próximas de você (após a autoanálise porque ela também é essencial) te dará uma perspectiva que talvez não tenha visto ainda. Além disso, uma sugestão de leitura é o livro, “O óbvio que ignoramos”, de Jacob Pétry, que nos explica justamente sobre o fato de que muitas vezes não percebemos coisas extraordinárias que fazemos, achando que todos também fazem. O que de extraordinário você faz achando que é óbvio?
Etapa 2: Onde já observei esses talentos em ação?
Levando em consideração as respostas anteriores e o conceito do que é um talento e ponto forte, na segunda etapa desse auto mergulho pensaremos nos sucessos que já tivemos em qualquer esfera da vida e em qualquer situação. Pensaremos também se podemos identificar de alguma forma nesses momentos de sucessos, os talentos que listamos acima. Por exemplo, vamos supor que a Maria tenha muita facilidade de escolher presentes para seus amigos, que ela goste muito desse processo e que essa facilidade seja por entender cada um como ele é, quais são seus gostos e como poderia agradá-los.
Quando a Maria pensa em um de seus sucessos, ela percebe que certa vez ficou responsável por escolher o time de execução de um projeto em que participava na faculdade e que conseguiu perceber exatamente onde cada pessoa poderia se encaixar melhor e dar um ótimo resultado como equipe. Será que o fato dela conseguir enxergar cada um como ele é, os seus gostos, onde consegue atuar melhor, a ajudou nesse momento?
Trazer esses talentos que você talvez nunca tenha percebido para uma área conhecida, pode te auxiliar a colocar intencionalmente eles em ação para que virem cada dia mais pontos fortes.
Etapa 3: Quais desafios estou enfrentando nesse momento de #ficaemcasa?
Voltemos para o momento de crise e incerteza que estamos vivendo. A terceira etapa da nossa reflexão inicia justamente em voltar para realidade, para o seu dia-dia e listar quais são os maiores desafios que está passando nesse momento de crise. Seria ter incerteza em relação a um possível estágio/trabalho que estava concorrendo/iria concorrer? Se você já trabalha, é o movimento de ir para o trabalho remoto de repente? É você lidar com o fato de que muitas faculdades estão sem aula? São os momentos de ansiedade gerados pela mídias sociais? É ter alguém do grupo de risco próximo à você? O que seria?
Como percebemos, nossos talentos podem ser usados em qualquer esfera da nossa vida. Como seres integrais, ou seja, seres que são afetados por todos os âmbitos em que estamos inseridos, essa lista pode ser o quão abrangente você quiser.
Etapa 4: Como os meus talentos podem me ajudar?
O exercício dessa etapa é abrirmos nossa mente para possíveis formas de minimizarmos essas tribulações que o momento está gerando. Com base no que respondeu nas etapas anteriores então, como você acredita que seus talentos e pontos fortes podem te auxiliar com a sua lista? Não há resposta correta e muito menos uma única resposta e justamente por isso, gostaria de trazer como sugestão nesta etapa o esquema a seguir. Nele é possível que você coloque os desafios e que utilize diferentes talentos para entender como superá-lo/minimizá-lo. Esse é um processo que pode fazer sempre que uma situação/desafio/imprevisto surgir ao longo da vida. A melhor forma de você resolvê-lo é utilizando o que você tem de melhor.
O convite deste texto é você começar a perceber o quão talentosa(o) você é e que você pode utilizar intencionalmente o que você naturalmente pensa, sente e se comporta para o seu dia-a-dia, investindo recursos fortificando e naturalizando esse processo com o passar do tempo. Reforço que não há mudanças da noite para o dia. São passos pequenos que nos levam a ser cada dia mais uma versão melhor de nós mesmos. Como já dizia Paulo Leminski, “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.
Autoria: Thaís Ananias, Consultora de Treinamento e Desenvolvimento na Eureca Academy, aprendiz da vida e apaixonada por facilitar momentos e conexões que transformem de alguma forma a jornada das pessoas.
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Ótimo artigo para autoavaliação nesses tempos de quarentena, parabéns pelo trabalho.
Excelente matéria, sou Brasileira e casei com um Argentino nos meus primeiros meses foi muito difícil falar espanhol. Ai eu tive a idéia de me tornar criativa e poder trabalhar em casa rsrs o resultado foi extraordinário 🌟🌟🌟🌟🌟. Hoje continuo trabalhando em casa ou mesmo em viajem, foi só girar a chave.