Não é segredo pra ninguém que o sistema educacional brasileiro está longe de preparar verdadeiramente as juventudes para o mercado de trabalho, o que contribui para o aumento de skill gap entre os profissionais. Mas se engana quem pensa que são apenas as pessoas jovens que encontram dificuldades para enfrentar os desafios do mercado, gerar bons resultados e se desenvolver.
A rapidez com que as novas tecnologias surgem e precisam ser implementadas não é a mesma com que as pessoas se capacitam para lidar com essas mudanças. Nesse contexto, entre as necessidades do mercado e os profissionais disponíveis para exercer as atividades, existe uma grande lacuna de habilidades, conhecidas como skill gap.
Por mais que cada profissional precise procurar formas de adquirir novas habilidades e competências para preencher essa lacuna, as empresas e lideranças também têm um papel de, além de desenvolver suas equipes, pensar em ações que auxiliem os jovens em uma transição mais suave entre estudos e oportunidades de emprego.
O que é skill gap?
Skill gap, em sua tradução, é uma lacuna de habilidades. A diferença entre as habilidades que as empresas precisam e as habilidades reais que as pessoas candidatas, ou até mesmo as pessoas que já trabalham na empresa, têm a oferecer é um skill gap.
Essa divergência de habilidades pode ser técnica, como procurar por uma pessoa programadora que saiba desenvolver sites e aplicativos, mas perceber que poucas pessoas entre os potenciais candidatos possuem essa habilidade, ou pode ser ainda comportamental, como ter entre as pessoas candidatas apenas aquelas que não possuem inteligência emocional para receber um não, por exemplo.
De acordo com o Relatório Global Lacuna de Habilidades, desenvolvido pela plataforma Udemy, o Brasil é o país em que mais pessoas acreditam que existe uma lacuna de habilidades no mercado de trabalho.
94% dos profissionais que participaram da pesquisa acreditam que suas próprias habilidades e as de seus colegas de trabalho não são suficientes para acompanhar o mercado, que está em constante evolução. O relatório também revela uma crescente consciência global da lacuna de competências, e isso é ótimo, afinal, o primeiro passo para solucionar um problema é reconhecer que ele existe.
Como a empresa pode ajudar a promover ações para minimizar as lacunas de habilidades?
Não existe uma receita para que a lacuna de habilidades se preencha sozinha. Empresas e pessoas candidatas e colaboradoras precisam trabalhar lado a lado para identificar quais habilidades o profissional já possui, quais são necessárias para a vaga e quais precisam ser desenvolvidas.
Para ajudar nesse processo, separamos 5 dicas que podem ajudar na hora de criar estratégias para minimizar o skill gap na sua empresa.
Dica #1: alinhe as expectativas com as juventudes
Seus futuros funcionários ainda estão estudando e aprendendo as habilidades necessárias para entrar no mercado de trabalho. Por isso, quanto mais cedo você começar a se relacionar com essas pessoas, mais rápido vai perceber as tendências dessas comunidades e ter a oportunidade de moldar os profissionais do futuro.
Para isso, tenha canais para aproximar sua marca empregadora das juventudes, crie conteúdos, divulgue oportunidades e deixe claro quais são as habilidades que sua empresa valoriza. Em vez de apenas descrever as vagas seguindo uma receita padrão, liste cada habilidade necessária e o nível de excelência que a pessoa candidata deveria ter e também os conteúdos ou cursos que podem auxiliar as pessoas que ainda não atingiram o nível adequado a se desenvolverem.
Dica #2: defina as habilidades indispensáveis na empresa
É comum ver casos em que uma vaga fica aberta por meses por não encontrar uma pessoa qualificada para preencher a oportunidade. É claro que existem posições bem específicas que precisam de um longo processo para encontrar o talento certo, principalmente em cargos de lideranças, mas quando falamos na contratação de pessoas estagiárias ou trainers por exemplo, esse não é o caso.
Por isso, o primeiro passo para minimizar skill gaps entre as juventudes é definir o que realmente pode ser considerado requisito e o que pode ser desenvolvido facilmente na empresa.
No dia a dia da sua organização, sua equipe realmente precisa ser fluente em inglês, por exemplo? Se ter proficiência em leitura e escuta já é o suficiente para desenvolver as atividades, a fluência não pode ser considerada um pré-requisito da vaga.
Dica #3: estruture um processo de educação e seleção
Para desenvolver talentos e diminuir as lacunas de habilidades, esqueça o conceito de recrutamento e seleção e tenha foco no processo de educação durante a seleção. O estabelecimento de uma cultura de aprendizado é uma mudança mais que necessária para desenvolver profissionais e minimizar as lacunas.
Por isso, sua empresa precisa estruturar um processo seletivo que vai além do objetivo de avaliar pessoas, tendo a aprendizagem como pilar da jornada do participante. Assim, mesmo que a pessoa candidata não siga para as etapas seguintes, é possível garantir que ela passe por uma experiência de refletir sobre si mesmo, os outros, as associações e a sociedade, se desenvolvendo em todas as etapas do processo.
Dica #4: conduza uma análise de lacunas na sua equipe
À medida que a tecnologia, as ferramentas e a sua empresa evoluem, as habilidades necessárias para acompanhar o mercado também não vão ser as mesmas. Por isso, identificar o problema é, sem dúvidas, o ponto de partida para minimizar o skill gap na sua empresa.
Uma análise de lacunas de habilidades avalia a posição de sua equipe em relação aos objetivos de sua organização. A partir daí é possível descobrir quais habilidades sua equipe já possui, quais precisam ser desenvolvidas e onde a sua empresa pode auxiliar nesse processo. Mas lembre-se que para isso você também precisa conhecer bem a sua empresa, seus objetivos, metas e necessidades, afinal, para entender quais habilidades precisam ser desenvolvidas, é essencial entender quais habilidades são indispensáveis.
Dica #5: implemente um programa de treinamento e desenvolvimento
Com um bom programa de treinamento e desenvolvimento, além de garantir que sua equipe aprenda constantemente, sua empresa tem a oportunidade de desenvolver uma força de trabalho especificamente preparada para atender às necessidades e cultura de sua organização.
Os programas de treinamento podem ser destinados a integrar novas pessoas na equipe, ou até mesmo aos funcionários que estão na empresa há mais tempo para compartilhar novas técnicas e ferramentas relacionadas à sua função.
Já o desenvolvimento é focado em ampliar as habilidades e competências da equipe em uma área que ela tenha adquirido conhecimento anteriormente. Essa é uma forma de aprimoramento que também envolve networking e troca de experiências com outros profissionais.
Assim, além de ter uma força de trabalho mais feliz, satisfeita, engajada e produtiva, os programas de treinamento e desenvolvimento também são um caminho para diminuir skill gaps.
As juventudes estão desenvolvendo as habilidades certas?
Não há como negar a existência de uma lacuna de habilidades enorme entre o que o mercado de trabalho exige e a forma com que as instituições de ensino brasileiras educam as novas gerações.
Quando pensamos nas habilidades socioemocionais, então, esse problema é ainda mais agravado, já que o ensino tradicional tem o foco em desenvolver apenas hard skills, deixando as soft skills em segundo plano e formando profissionais com uma lacuna nas habilidades essenciais, como inteligência emocional, resiliência e autogestão.
Uma evidência disso é que na sétima edição da nossa pesquisa, a The Truth #7, 70,2% dos jovens ouvidos disseram que a faculdade, somente, não é o suficiente para ingressar no mercado de trabalho.
Por mais que o hábito de sempre buscar por mais conhecimentos que agreguem na vida pessoal e profissional faça parte da rotina das juventudes, as empresas ainda possuem um papel fundamental nesse desenvolvimento.
Para promover um impacto real nos profissionais do futuro, é fundamental entendermos quais são as habilidades que as juventudes possuem, quais precisam ser desenvolvidas com mais urgência, quais são procuradas pelas empresas e o que pode ser feito para que os jovens tenham uma transição mais suave entre estudos e oportunidades de emprego.
Quer saber como isso pode ser feito? Acesse o nosso webinar em que abordamos as expectativas lançadas na relação entre as habilidades das juventudes vs. o que o mercado exige e descubra o que as empresas podem fazer para resolver esses problemas.