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As competências socioemocionais, ou soft skills, são muito importantes no mercado de trabalho e na vida. As empresas devem se esforçar tanto para desenvolver essas habilidades internamente quanto para buscar essas características em seus processos seletivos, além de considerar esse ponto positivo em pessoas de grupos de diversidade.


O mundo mudou. Na verdade, está mudando. Constantemente. Com a Quarta Revolução Industrial ocorrida nas últimas décadas, desde a forma como as pessoas se conectam até as dinâmicas do mercado de trabalho se transformaram e estão em ajuste frequente. Com isso, essa aceleração digital revelou a importância de desenvolvermos novas habilidades, mas também a de voltarmos o olhar ao primordial: a essência humana.  

Em 2018, a consultoria McKinsey realizou um estudo global chamado “Skill shift: automation and the future of workforce“. Entre outros pontos, a pesquisa aponta que a demanda por habilidades sociais e emocionais, como liderança e gerenciamento de outras pessoas, irá compor de 22% a 24% da carga horária de um profissional.

E, de fato, essas são exatamente as habilidades que os empregadores de todos os setores relatam consistentemente buscar em candidatos a empregos. Por exemplo, em uma pesquisa publicada em 2015, 93% dos empregadores relataram que “a capacidade demonstrada de um candidato para pensar criticamente, comunicar-se com clareza e resolver problemas complexos é mais importante do que seu curso de graduação”. 

Além disso, os empregadores procuram candidatos que tenham outros tipos de “habilidades pessoais”, como ser capaz de aprender de forma adaptativa, tomar boas decisões e trabalhar bem com outras pessoas. Essas habilidades se encaixam perfeitamente com o tipo de coisas que só as pessoas podem fazer bem e continuarão sendo difíceis de automatizar.

O que são as soft skills e por que são tão importantes?

Depois de refletir sobre as características de vários empregos e profissões, Stephen M. Kosslyn, CEO da Foundry College, elencou dois tipos de trabalho não rotineiros e particularmente humanos, a emoção e o contexto:

  • Primeiro a emoção, que desempenha um papel importante na comunicação humana e também nos ajuda a priorizar o que fazemos. A emoção não é apenas complexa e cheia de nuances, mas também interage com muitos de nossos processos de decisão. 
  • Em segundo lugar, o contexto. Ele é particularmente interessante porque é aberto e novos acontecimentos podem mudar o contexto e alterar não apenas a forma como os fatores interagem entre si, mas podem introduzir novos fatores e reconfigurar a organização dos elementos de maneiras fundamentais.

Nossa capacidade de gerenciar e utilizar as emoções e levar em consideração os efeitos do contexto são os principais ingredientes do pensamento crítico, da solução criativa de problemas, da comunicação eficaz, do aprendizado adaptativo e do bom senso.

As soft skills, ou competências socioemocionais, são capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas. Elas podem ser observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social.

Atualmente as organizações estão dando maior importância às habilidades sociais no local de trabalho e, por isso, estão priorizando e concentrando mais treinamentos e recursos nessas competências.

Como atuar no desenvolvimento de competências?

A liderança da empresa e os profissionais de RH devem ter consciência de que o aprimoramento das habilidades sociais leva a um melhor comportamento e clima no negócio, o que leva a melhores resultados. Uma forte cultura de habilidades comportamentais em qualquer organização é um diferencial que cria uma experiência de trabalho positiva, estável e previsível e maior eficiência para líderes e membros da equipe.

As organizações dobraram em termos de desenvolvimento e treinamento de habilidades sociais. Esse esforço tem um impacto significativo na retenção e na rotatividade. Os estudos mostram claramente que as organizações focadas em habilidades sociais têm:

  • Maior retenção;
  • Maior envolvimento dos funcionários;
  • Melhores resultados de negócios e lucratividade.

Pensando nisso, a revista Forbes levantou nove habilidades leves que todos os funcionários precisarão ter e/ou desenvolver na era da inteligência artificial:

  1. Criatividade;
  2. Pensamento analítico (crítico);
  3. Inteligência emocional;
  4. Habilidades de comunicação interpessoal;
  5. Aprendizagem ativa com uma mentalidade construtiva;
  6. Julgamento e tomada de decisão;
  7. Habilidades de liderança;
  8. Diversidade e inteligência cultural;
  9. Resiliência.

Mas por onde começar essa jornada de desenvolvimento? Abaixo estão 10 métodos comprovados que podem ajudar a desenvolver as soft skills dos seus colaboradores:

#1 tenha um ambiente de aprendizagem imersivo 

Centralizar o desenvolvimento das soft skills dos colaboradores nos próprios locais de trabalho faz com que eles continuem tentando melhorá-las de uma forma mais natural e orgânica. Por isso, incentivar ritos de gestão que proporcionam aprendizagem contínua é uma excelente estratégia.

#2 crie uma cultura de mentoria

Orientar e estar disponível é o segundo passo para começar a desenvolver as habilidades naturais dos profissionais da sua organização. Caso não seja possível realizar programas mais formais e individuais, tente incluir a conversa e apoio na própria cultura organizacional do seu negócio. Assim, todos estarão criando uma mentalidade de ajuda mútua. 

#3 torne as soft skills mais tangíveis e mensuráveis

Graças à transformação digital, hoje em dia já é possível mensurar essas competências e torná-las mais “reais”. Algumas tecnologias, como avaliações de resiliência no ambiente de trabalho e capacidade de julgamento gerencial, são ótimos investimentos que podem trazer ainda mais realidade à tendência do people analytics.

#4 ofereça feedbacks sempre que puder

Praticar a devolutiva dos resultados dos colaboradores é um grande diferencial no desenvolvimento das competências. As soft skills são como músculos: quanto mais se pratica, mais se desenvolve e fortifica. Por isso, o feedback contínuo permite que um profissional se autoanalise e perceba no que precisa melhorar.

#5 sirva de exemplo

Quando os líderes se mostram como eternos aprendizes e encorajam seus times a focarem no desenvolvimento das habilidades, sejam elas quais forem, se tornam muito mais do que apenas gestores. Além disso, participar de programas e compartilhar suas experiências positivas com os membros da sua empresa motiva e mostra que é possível, sim, se aprimorar e crescer. 

#6 implemente o aprendizado 

Aprender sobre soft skills e hard skills é, definitivamente, muito importante, mas é apenas parte da equação. Os colaboradores precisam ser capazes de aplicar essas habilidades não só dentro como também fora do contexto de trabalho. Tente implementar jogos corporativos que coloquem em prática, de fato, o desenvolvimento dessas competências e faça com que a equipe se sinta disposta a absorver cada vez mais e de formas diversas.

#7 alinhe as soft skills que são importantes para a sua empresa

Por mais que você, internamente, saiba o que os colaboradores da sua organização precisam para cada cargo, é muito importante definir e alinhar com o que, de fato, a cultura organizacional requer. Por isso, definir essas soft skills desde o começo vai lhe poupar tempo – e dinheiro, no caso de uma contratação errada. 

#8 promova treinamentos de soft skills

Por mais que sejam naturais, as competências socioemocionais são totalmente treináveis! Você pode proporcionar momentos de treinamento de comunicação criativa, por exemplo, com palestras internas, sugerindo uma maior integração e sinergia na sua equipe. Além disso, seus colaboradores vão poder socializar e colocar à mostra suas habilidades comunicativas.

#9 gamifique o que puder

Imagine que sua gestão é um desafio e que os colaboradores são jogadores. Quando você estimula games interativos com objetivos em comum dentro da empresa, como resultados e maiores conquistas, você consegue que todos embarquem nessa jornada. Criar jogos corporativos que gamifiquem as equipes e as tarefas do dia a dia favorece a imaginação e a tomada de decisão nos membros do time. 

#10 mensure

Você só gerencia aquilo que mensura, então use e abuse das tecnologias já disponíveis no mercado e apresente esses resultados para os seus colaboradores, proporcionando autoconhecimento a eles. Mostrar o que cada um tem de potenciais e limitações faz com que a visão interna foque no que realmente importa: uma gestão eficiente e que retenha a maior quantidade de talentos que podem levar a sua empresa além.

Como as soft skills se relacionam com a diversidade?

Os locais de trabalho estão se tornando mais diversos e abertos, então os funcionários precisam ser capazes de respeitar, compreender e se adaptar a outras pessoas que podem ter maneiras diferentes de perceber o mundo. Obviamente isso irá melhorar a forma como as pessoas interagem dentro da empresa, além de tornar os serviços/produtos da mais inclusivos e próximos de diferentes usuários e realidades.

De acordo com uma pesquisa conduzida pela Glassdoor, 67% dos candidatos a emprego disseram que uma força de trabalho diversificada é importante quando se considera as ofertas e 57% dos funcionários acham que suas empresas deveriam ser mais diversificadas.

Diante desse cenário, grande parte das organizações já identificaram a necessidade de criar uma frente estratégica para a gestão da diversidade, visto que traz benefícios internos e externos para todo o ecossistema envolvido. 

Então, é importante levar em consideração que pessoas de grupos minorizados possivelmente desenvolveram ao longo da sua trajetória diferentes habilidades, como resiliência e adaptabilidade, e isso deve ser um benefício ao avaliar o fator delta de cada uma.

Certamente você pode ter dificuldades na hora de encontrar pessoas com diferentes experiências e origens para determinados departamentos da sua empresa. Nesse caso, mantenha a persistência, continue na busca e, se necessário, ative organizações aliadas focadas em grupos específicos para encurtar essa procura.

Outra dica na hora do recrutamento é ampliar a área geográfica dos candidatos, pois dessa forma você pode alcançar mais colaboradores com perfis e experiências diversas para integrarem o seu time.

Priorize as habilidades comportamentais

A demanda por habilidades técnicas e manuais está diminuindo, e vai continuar assim. A mesma tendência também é válida para as habilidades cognitivas básicas. Em contraste, a demanda pelas habilidades cognitivas avançadas estão aumentando, e a tendência é crescer ainda mais.

Mas é nas habilidades sociais, emocionais e tecnológicas que o aumento de demanda é radical. E mais: quanto mais rápida a implementação das novas tecnologias, mais fortes serão essas necessidades. 

Por isso, seja você uma liderança ou não na sua empresa, garanta que o seu time está conectado de alguma forma a essas tendências. Afinal, quanto mais pessoas incluídas nesse processo, mais resultados poderão atingir juntos, e mais crescimento sua empresa terá.

Não precisamos ser intimados pela inteligência artificial. O cérebro humano é incrível. É muito mais complexo e poderoso do que qualquer IA existente. Portanto, em vez de temer a IA, a automação e as mudanças que isso trará aos locais de trabalho, todos devemos procurar aproveitar nossas capacidades humanas únicas e cultivar essas habilidades mais suaves – habilidades que se tornarão ainda mais importantes para o futuro do trabalho.

E se você precisar de ajuda, pode contar com a gente! A Eureca é uma consultoria de RH, e um de nossos serviços são treinamentos e programas de desenvolvimento corporativo. Assine a nossa newsletter para mais conteúdos como este.

Victor Feitosa

Comunicólogo cearense que atua com programas de desenvolvimento pessoal. Um estudioso e apaixonado por educação, liderança e diversidade. Acredita que esses três pilares podem mudar o mundo se tivermos as pessoas certas nos lugares certos. No mais, adora filmes de terror, séries intrigantes e música pop.

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