Não é novidade para ninguém que estamos em constante evolução como seres que habitam a Terra. Desde que o mundo é mundo temos registrado avanços e adaptações importantes e indispensáveis para chegarmos à forma que nos organizamos como sociedade hoje. Foi assim que o naturalista britânico Charles Darwin registrou pela primeira vez em A Origem das Espécies, em 1859, nossa evolução e a grande árvore da vida.
Fato é que as organizações também passam por esse processo de evolução, acompanhando, reproduzindo e traduzindo o que vem acontecendo na sociedade para dentro da forma como nos orientamos como grupo.
Foi assim, também, que Frederich Laloux registrou no livro, “Reinventando Organizações”, a maneira como os estágios de consciência humana impactam as organizações empreendidas na sociedade (se você é um consumidor assíduo dos conteúdos da Eureca, com certeza já tropeçou neste livro em algum momento de nossas conversas).
Ta. Mas pera aí. Onde está a inovação e a gestão ágil nessa mistura toda? Tudo isso é pra falar que trazer agilidade para dentro das organizações é fundamental, mas, em quase todos os casos, os desafios de aplicação dessa mentalidade está no âmbito humano. Se não buscarmos evoluirmos nossa consciência produtiva e trazer isso para dentro dos ambientes de trabalho, de pouco adianta os milhares livros de inovação e mentalidade ágil sobre a prateleira. É nesse ponto que nós, os jovens, devemos nos preparar para entrar jogando no mundo das organizações.
A gestão ágil é mais do que uma metodologia, é uma forma de pensamento
Em conversa com Nicolas Giffoni, CEO do Instituto de Educação por Experiência e Prática (IEEP), parceiro da Eureca, ele compartilhou que “a agilidade no mundo corporativo é um conceito que surgiu décadas atrás e que vem crescendo fortemente nos últimos anos no mundo. A agilidade, por definição, é um adjetivo que significa a capacidade de mover rápido de posição no menor tempo possível. Traduzimos esse conceito no mundo corporativo como a capacidade de gerar valor para o seu cliente com a velocidade necessária.
Em um mundo em que as mudanças se tornam cada vez mais constantes e rápidas, precisamos ser capazes de gerar valor em ciclos cada vez mais curtos. No entanto, a gestão ágil não é sinônimo apenas de fazer rápido. Precisamos levar em consideração a variável de fazer o certo, de maximizar a geração de valor. Como diz Stephen Denning, ágil é a capacidade de gerar o dobro de valor com a metade do trabalho”.
Portanto, mais do que qualquer metodologia, a perspectiva mais interessante por trás dos modelos de gestão ágil são as reflexões trazidas ante às nossas relações com o tempo e o trabalho. Do próprio manifesto ágil: “Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas”, ou mesmo, “Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos”, ficam reflexões sobre o quanto uma gestão meramente “fordista” é incapaz de perceber as sutilezas de um contexto de trabalho, principalmente quando estamos falando da complexidade envolvida no gerenciamento de pessoas.
Se adaptando à gestão ágil
Nesse sentido, vemos nos modelos de gestão ágil, uma oportunidade de autoconhecimento para pessoas, times e organização enxergarem como trabalhar tendo objetivos claros, mas com flexibilidade e adaptabilidade nos percalços da jornada.
E essa nossa adaptabilidade vem sendo posta a prova mais do que nunca. Em períodos recentes de pandemia, estamos vivenciando modelos de trabalho descentralizados, com práticas de teletrabalho e gestão remota de atividades. É um prato cheio para desafiar nossas crenças e rotinas de gestão e inovação nas organizações.
Sobre as habilidades e competências necessárias para lidar com a adaptabilidade, Nicolas ainda acrescenta que, “a filosofia ágil se traduz em uma série de comportamentos necessários para que a pessoa possa aplicar essa forma de trabalhar. Para pessoas que estão entrando no mercado de trabalho, desenvolver tais comportamentos são chaves para o sucesso. Ressalto alguns deles aqui: capacidade de aprendizado e mindset de crescimento, capacidade de colaboração em equipe, priorização e não ter medo de errar.
Em um mundo imprevisível, onde ninguém tem as respostas para tudo (o ágil vem para se adaptar a isso), o jovem precisa ter uma mentalidade de aprender rápido com as oportunidades, se adaptar constantemente e precisa envolver as pessoas a sua volta para aumentar o valor das suas entregas. Isso tudo sem ter medo de errar e testar, pois é disso que vem inovações para impactar cada vez mais.”
O importante nesse momento é, você jovem, entender e aprofundar os conhecimentos sobre o que significa SER ÁGIL, que está vinculado a comportamentos. Nesse sentido, temos nas metodologias ágeis um “norte” para não tornar o trabalho em home office chato, ineficiente e burocrático. Seja você estagiário ou trainee.
Métodos como Scrum e Kanban, podem ser adaptados facilmente para esta realidade com ferramentas virtuais, inclusive gratuitas do mercado, como MIRO, Trello e JIRA. Não somente para a juventude, ter o conhecimento dos métodos ágeis vai se tornando linha de base para um nível de consciência organizacional que entrega valor de forma adaptativa.
4 dicas para colocar o pensamento ágil em ação
Para quem está começando agora o mundo da gestão ágil, aqui vão 4 dicas que convivemos no ambiente de trabalho e podem dar aquele empurrãozinho extra na internalização desse conceito no seu dia-a-dia:
#1 É sempre sobre pessoas. Na Eureca, quando implementamos gestão ágil e seus artefatos em todos os times de entrega, os desafios sempre apareceram com as pessoas e suas relações. Culturalmente, é essencial que os conceitos das metodologias utilizadas estejam claros, mas mais poderoso ainda se as pessoas acreditam e se posicionam de maneira receptiva às frequentes mudanças e abertura para o diálogo.
Na implementação, os SCRUM Masters – nome dado aos gestores das atividades da rotina ágil – deve agir como evangelistas da metodologia e os rituais de aprendizado, frequentemente denominados de retrospectiva, devem ser momentos de transparência, co-construção e vulnerabilidade.
#2 O contexto não é limitante. A mentalidade não se limita ao contexto aplicado. Pode-se utilizar desde os conceitos da metodologia ágil até mesmo no período de faculdade. Inclusive, o Scrum como metodologia pode ser utilizado para a entrega do famigerado TCC (Esse foi o caso do Hermano da Votorantim). O mais poderoso da gestão ágil é a capacidade de se poder aplicar em vários contextos, principalmente quando olhamos para uma entrega desafiadora que não se sabe muito bem como e por onde começar. Nesse caso, escolher um tempo definido de controle e rituais de reflexão crítica com uma visão bem clara da entrega podem ser aliados poderosos para a rotina de trabalho.
#3 Traga os conceitos diretamente para a prática. Não vão faltar oportunidades para testar os conceitos aprendidos na prática. Muitas empresas estão trazendo para os programas de estágio e trainee desafios de gestão ágil que nos coloca a desenvolver habilidades de adaptação, resiliência e criatividade. Na Embraer, empresa que o Alexandre Mattos trabalha, a proposta foi que os projetos de estágio que deveriam ser desenvolvido em apenas 6 meses, fazendo com que métodos ágeis fossem essenciais. Com um misto de Kanban, Canvas e Design Thinking várias entregas foram concluídas para as áreas funcionais e para o programa de estágio. Não se esqueça de estar por dentro dessas metodologias antes que seja pedido por elas!
#4 Um pouco de teoria nunca é demais. Por fim, estudar é sempre bom e sabemos que, se você chegou até aqui no texto, um pouco de curadoria de conteúdo sempre ajuda. Recomendamos os seguintes conteúdos para quem quer chegar com toda a agilidade nas organizações:
- Caso sua preferência seja por vídeos os canais do Andrieli Ribeiro, MindMaster e Eduardo Ribeiro são um prato cheio para quem está começando;
- Um livro que é um clássico, mas nunca sai de moda é o “Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”, de Jeff Sutherland. Se puder encará-lo como livro de cabeceira por alguns meses, é muito bom!
- Por fim, o Blog dos nosso parceiros do IEEP – traz bastante pílulas de conteúdo para ir afinando os conceitos da mentalidade ágil na nossa cabeça
Esse artigo foi produzido pelos Young Leaders Gabriel Viscondi, Hermano Esch e Alexandre Mattos, e o entrevistado, Nicolas Giffoni, pensando em como trazer os desafios do dia-a-dia de quem traz a agilidade e inovação da juventude para o mercado de trabalho.
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