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Ao pensar no futuro do trabalho, o que vem a sua mente? Muitas pessoas concentram essa discussão em torno da tecnologia ou de como a inteligência artificial pode substituir profissionais. Porém, não é isso que pensam as juventudes, afinal, para eles o futuro já chegou.


Os millennials, nascidos entre 1981 e 1998, já compõem a maior parte da população brasileira e representam mais de 50% da força de trabalho. E a estimativa é que esse número cresça ainda mais, com 70% dos postos de trabalho ocupados por eles até 2030. Já a Geração Z, que são os nascidos entre 1995 e 2010, estão chegando agora no mercado de trabalho e trazendo um novo olhar à lógica das relações pessoais e profissionais.

As novas gerações entendem que a aprendizagem constante é indispensável para os profissionais do futuro, afinal, o cérebro humano é muito mais complexo e poderoso do que qualquer inteligência artificial existente. Por isso, as juventudes estão em busca de espaços em que eles possam desenvolver suas habilidades e crescer profissionalmente e pessoalmente.

Mas, diferente do estereótipo que muitas pessoas têm de que os jovens talentos priorizam o propósito, os dados mais recentes sobre o assunto mostram o contrário: as juventudes estão em busca de remuneração, perspectivas de aprendizado e crescimento profissional. Por isso, para atrair, contratar, engajar, desenvolver e manter essas juventudes, sua empresa precisa entender o que as juventudes esperam do mercado de trabalho.

O que as juventudes esperam do mercado de trabalho no futuro?

A pesquisa “Construindo nosso futuro” conduzida pela Eureca em parceria com a Davos Lab e a Global Shapers, entrevistou mais de mil jovens brasileiros para entender como as juventudes enxergam o cenário brasileiro ao analisar temas como economia, emergência climática, liderança, política e tecnologia. Confira alguns dos resultados da pesquisa que revela os principais anseios e preocupações das juventudes e o que a sua empresa pode fazer para atrair e manter os profissionais do futuro:

Ação #1 – valorize sua equipe de trabalho

27,21% das juventudes indicam que a remuneração é um fator decisivo na procura por emprego, seguido de 25,35% que consideram o plano de carreira e a perspectiva de crescimento profissional como determinante. Por isso, além de oferecer bons salários e benefícios, é importante que a sua empresa ofereça oportunidades de desenvolvimento profissional.

Ter oportunidades de crescimento dentro do local de trabalho e chances de aprendizado é muito importante para os jovens talentos, afinal, a aprendizagem constante é uma das principais características do futuro do trabalho.

Ação #2 – implemente práticas ESG

Não pense que sustentabilidade é apenas uma tendência passageira, pois o que tudo indica é que, felizmente, a incorporação dos critérios de ESG (environmental, social and corporate governance, que se traduz em melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) ao planejamento dos negócios veio para ficar.

84,95% das juventudes concordam que todas as organizações do setor público e privado devem ser responsabilizadas por padrões de ética sociais, ambientais, de governança e de tecnologia. Para ter uma empresa sustentável, esses critérios devem ser aplicados até mesmo quando pensamos na diversidade, remuneração, tratamento dos colaboradores, histórico de saúde e segurança, envolvimento em causas sociais e toda a forma que uma empresa impacta seus stakeholders.

Então, se ainda havia dúvidas de que ESG é um movimento duradouro, as juventudes mostram que além de importante, pensar em sustentabilidade é indispensável.

Ação #3 – tenha um negócio com propósito

Não apenas as grandes empresas são o sonho dos jovens talentos, mas aquelas nas quais os colaboradores se identificam e confiam de verdade.

45,35% das juventudes indicam que a principal capacidade do líder do futuro deve ser “demonstrar liderança responsável e sustentável”, seguido de 33,83% que acreditam que deve ser “representar e/ou abraçar a diversidade e inclusão”.

Por isso, as empresas precisam dar cada dia mais atenção aos seus propósitos e valores. Isso não significa que sua organização deve mudar completamente para se adequar às juventudes, mas deve adotar ações que façam com que os valores que estão escritos em seu site realmente façam parte da cultura da empresa.

Ação #4 – dê foco ao letramento digital

44,01% dos entrevistados apontaram que a maior desvantagem das redes sociais, tanto para reguladores como para usuários, é a desinformação e a divulgação de notícias falsas.

Em um mundo cada vez mais conectado, os treinamentos nas empresas podem auxiliar na corrida para combater a desinformação, desenvolvendo nas juventudes a habilidade de se comunicarem e interagirem de maneira saudável e consciente. Além disso, também é responsabilidade das empresas ter um plano de contingência para definir o papel das suas lideranças no enfrentamento das notícias falsas.

Como a pandemia impôs uma mudança mais rápida para as empresas?

Com as portas dos escritórios fechadas, além dos impactos sobre a geração de empregos no país, a pandemia acelerou o processo de transformação digital, com a criação de novas demandas que exigem a capacitação das juventudes.

Os jovens sabem que existe uma enorme lacuna entre as necessidades do mercado e os profissionais disponíveis para exercer as atividades, por isso, estão em constante busca por desenvolvimento e crescimento profissional. 

Em um contexto de incertezas, as juventudes buscam por mais estabilidade e segurança e, por isso, analisam a cada dia mais aspectos como a reputação da empresa, benefícios e possibilidade de trabalhar em home office, por exemplo. Inclusive, de acordo com o relatório “o futuro do trabalho depois da Covid-19”, publicado pela McKinsey & Company, o trabalho remoto e as reuniões virtuais são tendências que vieram para ficar. 

Mas, para esse modelo funcionar, é preciso que as empresas considerem as incertezas do momento, com uma gestão focada nas pessoas, caminhando lado a lado para desenvolver habilidades como inteligência emocional, autonomia, resiliência, autogestão e tantas outras soft skills que são fundamentais nesse processo.

Como se preparar para este futuro?

A preocupação das juventudes brasileiras no mercado de trabalho com a existência de políticas ESG, de diversidade, inclusão e desenvolvimento mostra as prioridades das juventudes e como lidam com os principais desafios da atualidade. Nesse contexto, tornar a sua empresa mais responsável socialmente e ambientalmente não é uma opção, mas sim uma obrigação para aquelas que querem atrair e manter as lideranças do futuro. 

Sua empresa precisa ter uma proposta de valor que seja clara, pois além de atrair e diminuir a rotatividade, a EVP (employee value proposition) aumenta a produtividade e a qualidade do trabalho.

Empresas que conseguem desenvolver uma boa proposta de valor, elevam em todos os sentidos a sua reputação no mercado, pois as pessoas colaboradoras se sentem ouvidas e valorizadas, o que faz toda a diferença para quem busca propósito no trabalho e quer fazer a diferença na profissão.

Além disso, outro dado importante da pesquisa merece atenção: 78,47% das pessoas entrevistadas acreditam que o acesso a internet e ferramentas digitais são um direito humano básico e que o Governo deve ser o principal parceiro da sociedade para melhorar o acesso das pessoas. Esse é um dado que nos mostra que, apesar de toda a transformação digital que enfrentamos nos últimos anos, ainda existe um gap enorme de acesso à tecnologia.

Sua empresa precisa estar atenta ao desafio de olhar para fora da bolha social e criar oportunidades para grupos que, além de gaps de habilidades técnicas ou comportamentais, encontram uma grande barreira no acesso à tecnologia e à internet, como é o caso de muitos jovens de regiões periféricas, por exemplo. 

Quer saber mais sobre o que as juventudes pensam? Acesse a pesquisa na íntegra e entenda como elas enxergam o cenário do país sobre as relações no trabalho que envolvem responsabilidade social, letramento digital, consumo consciente, saúde mental e vários outros parâmetros.

Adrivania Santos

Mulher, negra e periférica, faço parte do time de conteúdo da Eureca. Por aqui, meu trabalho é transformar dados, conhecimento e vivência em pautas atuais e conteúdos que gerem reflexão, experiências e mudanças na sociedade.

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